Uma família de brasileiros que morava no prédio que desabou parcialmente na quinta-feira (24) em Surfside, na região de Miami, nos Estados Unidos, conseguiu escapar praticamente ilesa da tragédia.
Célia Rocha contou à GloboNews e ao G1 que a filha, o genro e os dois netos chegaram à sua casa andando a pé, "cheios de pó, poeira e arranhões". "Mas nada quebrado e nenhuma ferida, graças a Deus".
A prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, afirmou nesta sexta-feira (25) que 4 mortos já foram identificados e ainda há 159 desaparecidos.
Célia é natural de Governador Valadares (MG) e mora em outro prédio, a três quarteirões do condomínio Champlain Towers, onde moravam sua filha, seu genro e os netos (um de 18 anos e outro de 10).
"Saíram correndo com a roupa do corpo. Eles moram no 5° andar. Quando chegou no 2º andar, tinha um apartamento com a porta aberta. Aí eles entraram e a varanda dava para a piscina. Então eles pularam", disse a brasileira à GloboNews.
"A minha família conseguiu sair a tempo e se salvar, ilesa. Chegaram aqui cheios de pó, poeira e arranhões. Mas nada quebrado e nenhuma ferida, graças a Deus", afirmou aliviada.
Detalhes do milagre
Na manhã desta sexta, Célia deu mais detalhes de como a sua família escapou.
"Eles viram o apartamento aberto e ele dava para 'o outro lado', não o que desabou. O meu neto mais velho viu um buraco [na sacada] e eles desceram. Eles não chegaram a pular, desceram por um buraco que abriu por causa do desabamento e caíram na garagem".
O Champlain Towers tinha 136 apartamentos, dos quais 55 não colapsaram com o restante da estrutura. A família morava na parte que não desmoronou.
Ela conta que seus familiares foram acordados por volta da 1h30 (horário local, 0h30 em Brasília), com pedaços do teto caindo, e deixaram o apartamento às pressas, de pijamas. "O teto já estava ruindo, caindo os pedaços. Quando eles abriram a porta [do apartamento], o corredor já estava 'abrindo'."
'Minha filha está bem, mas chorando muito'
Célia diz que todos da família estão bem, apesar do susto. "Minha filha está bem, mas chorando muito. Porque é uma carga emocional muito pesada".
Após uma reunião com o prefeito de Surfside, a filha e o genro foram passar a noite em um hotel, junto com os mais de 30 moradores que foram resgatados com vida, enquanto os netos preferiram dormir na casa da avó.
"Moro a três quarteirões [do prédio] e os meninos sempre ficam comigo depois da aula, então eles não quiseram ir para o hotel. Aqui tem roupa, tem comida, tem tudo deles aqui", conta Célia. "Minha filha e meu genro quiseram ir [para o hotel] para descansar. Meu apartamento é pequeno".
Ela diz que não conseguiu dormir, assim como o neto mais velho, de 18 anos. "O neto mais novo é autista, ele não está ciente da gravidade do que está acontecendo. Então ele está bem, está alegre, dorme bem a noite inteira".
Célia pediu para não divulgar o nome da filha, do genro e dos netos por causa da família. "Estamos evitando muita propagação [da notícia] porque a minha irmã viu pela TV e passou mal. Recentemente ela teve um AVC".
Muitas doações e solidariedade
Célia diz estar muito agradecida e surpresa com os vizinhos, que têm levado doações para a sua família. "O pessoal aqui é muito solidário. Você precisa ver o tanto de roupa que trouxeram aqui para a minha casa. Compraram roupa para os meninos, para o meu genro, para a minha família inteira".
"Eles vêm, visitam e dão dinheiro. Você serve um chá e, quando vão embora e você tira a louça da mesa, toma um susto porque tem dinheiro embaixo", conta a brasileira.
Aliviada, Célia diz também ter uma "gratidão eterna com Deus". "Só ele sabe que eu não poderia ter perdido a minha família".