A Colômbia vai fazer uma "mobilização máxima" de militares na região da cidade de Cali, onde, na sexta-feira (28) quatro pessoas morreram em um protesto para marcar um mês de atos contra o governo.
Manifestantes participam de protesto contra o governo em Bogotá, na Colômbia, na sexta-feira (28) — Foto: AP Photo/Fernando Vergara
O anúncio foi feito pelo presidente Iván Duque, pela TV. "A partir desta noite começa o deslocamento máximo de ajuda militar à polícia nacional em Cali e na província de Valle del Cauca", disse ele.
Mais de 7.000 soldados, inclusive militares da marinha, serão enviados à região para levantar os bloqueios de estradas.
Manifestantes participam de protesto contra o governo em Bogotá, na Colômbia, na sexta-feira (28) — Foto: AP Photo/Fernando Vergara
A governadora da província, Clara Luz Roldan, anunciou que haverá toque de recolher a partir das 19h.
Cali se tornou um epicentro dos protestos. As manifestações têm sido marcadas pela violência.
Manifestação na cidade de Cali, na Colômbia, em 28 de maio de 2021 — Foto: Juan B Diaz/Reuters
O prefeito Jorge Ospina confirmou três mortes no protesto de sexta-feira, e a mídia local noticiou a quarta vítima fatal.
Duas pessoas morreram porque um agente da unidade de investigação da Procuradoria do país que estava de folga abriu fogo contra civis —esse agente também morreu, disse o procurador-geral, Francisco Barbosa.
Há discordâncias em relação total de mortos desde o início dos protestos, há um mês: para o governo, foram 17 pessoas, mas para entidades da sociedade civil, as mortes são muito mais numerosas — aONG Human Rights Watch afirma ter denúncias sobre 63 mortes, 28 delas relacionadas à crise.
Há negociações entre o governo e os líderes dos protestos, incluindo líderes sindicais, que formaram um comitê por greve gerais. No entanto, as conversas não progrediram.
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O diretor da Human Rights Watch para as Américas, José Miguel Vivanco, disse em uma rede social que foram identificados vídeos em que policiais presenciam civis atirando nos manifestantes sem agir.
Em um mês de levante popular, foram registradas 49 mortes, segundo a contagem oficial. A promotoria estabeleceu que pelo menos 17 dos casos estão diretamente relacionados com as manifestações, mas a ONG Human Rights Watch afirma ter "denúncias credíveis" sobre 63 mortes, 28 relacionadas com a crise.
As manifestações começaram há um mês como um protesto contra mudanças nos impostos, mas de lá para cá a pauta de demandas aumentou.
Duque desistiu da proposta, mas as pessoas da Colômbia consideraram que a repressão policial foi excessiva e responderam com mais protestos. Atualmente as ruas estão cheias de jovens sem trabalho e sem educação que pedem um Estado mais solidário diante da devastação causada pela Covid-19.
Cali foi o epicentro das manifestações, mas há atos em outras cidades —inclusive com bloqueios. Esse é um dos principais motivos de discordância entre governo e manifestantes. Representantes do governo exigem a suspensão dos bloqueios, enquanto a chamada Comissão Nacional de Greve defende os "pontos de resistência" como forma de protesto e pede ao presidente que peça desculpa pelos excessos das forças de segurança.