De repente, a capital mexicana, de mais de 20 milhões de habitantes, revivia o pesadelo de 32 anos antes: edifícios reduzidos a escombros enquanto, pelas ruas, voluntários corriam para encontrar vítimas entre os destroços.
"É o mesmo pesadelo de 1985", lamentava Georgina Sánchez em uma conversa com a AFP logo depois do tremor.
A questão é se as autoridades aprenderam as lições desses terremotos. De acordo com muitos engenheiros, investigadores e ativistas ouvidos em 2018 pela agência AFP, não.
Supunha-se que o terremoto de 1985 marcaria "um antes e um depois" na história do México, diz o escritor e jornalista Héctor de Mauleon.
Após a tragédia, a Cidade do México adotou uma estrita lei de construção.
Analistas políticos assinalam, inclusive, que esse tremor, que sobrecarregou as autoridades, contribuiu para a transição de regime de partido único a uma transformação democrática nos 15 anos seguintes.
Em 2017, 38 edifícios caíram, a maioria deles construídos antes de 1985, mas houve casos nos quais foram modificados fora da lei.
"Me dá muita indignação que a cada vez que a Cidade do México treme, parece que treme pela primeira vez", acrescenta De Mauleon.
A organização Mexicanos contra a Corrupção analisou 28 edifícios e encontrou impressionantes evidências de que, como em 1985, a corrupção das construtoras e autoridades que devem regulá-las foram responsáveis pelos desabamentos.
"Os terremotos não matam. A corrupção, sim", diz Salvador Camarena, diretor de investigação da organização.
Além disso, ninguém foi preso pelas mortes causadas: empresas que violaram os códigos de construção, proprietários que fizeram modificações irregulares que afetaram a estrutura, autoridades que se omitiram.
O único engenheiro que foi alvo de uma ordem de captura por um desabamento em 1985, Max Tenenbaum, não só evitou a prisão como continuou o seu negócio. Dois de seus edifícios caíram em 2017 matando 23 pessoas, segundo a Mexicanos contra a Corrupção.