Irineu Cruz e Jucicleide Silva sempre se esforçaram para que todos os filhos não ficassem sem ter o que comer. A família vivia dos "bicos" que o pai conseguia para ganhar dinheiro e também do Bolsa Família que a esposa, que é dona de casa, recebe mensalmente.
"Eu sei que aqui é luta, muita luta para a gente manter essas crianças com café da manhã, merenda, almoço e tudo mais. Sobre o colégio, eles estão estudando pelo celular. Se tiver com esse problema [pandemia], a gente já cancela as idas deles [para aulas presenciais], porque esse problema é gravíssimo e a gente não pode soltar os meninos para isso".
A realidade mudou e as dificuldades aumentaram com a pandemia do novo coronavírus. Com a necessidade de obedecer ao isolamento social, Chitão decidiu não deixar mais as crianças saírem de casa.
A família também passa por apertos financeiros. A saída encontrada por Irineu foi trabalhar com reciclagem e vender ossos de animais para pagar as contas.
"Eu estou vivendo de catar papelão, ossos, ferro velho, na base da reciclagem. A gente está sobrevivendo disso aí agora", contou
Ao todo, Irineu e Jucicleide moram com 12 filhos. Os três mais velhos já casaram e não moram mais com a família.
"Nós estamos nos mantendo isolados na área mesmo, não sai ninguém daqui. No total são 14 'bocas', porque três casaram e não moram mais aqui. Tenho duas netas e um neto".
Eles também contam com a ajuda do casal de amigos, Rubinho e a esposa Maiara, além de açougueiros da região.
"Rubinho ajuda a gente bastante, se não fosse ele, o que seria da gente? A gente também agradece a todos os açougueiros que estão doando ossos para a gente vender e fazer nossa feira".
"Nós não recebemos nenhum auxílio que o governo deu. Complicou o barco e nós estamos pedindo força e coragem a Deus para manter a batalha nessa linha".
"O auxílio mesmo, eu não sei porque, a gente correu atrás, procuramos até um advogado e não sei porque a gente tem 15 filhos e não teve o auxílio. É brincadeira um negócio desses? Eu achei um absurdo, não sei que castigo foi esse que deram na gente", lamentou.
O baiano afirma que a família recebeu cestas básicas no início da pandemia, benefício conseguido, porque os filhos estudavam.
"Nós não recebemos nada. Só umas cestas básicas que chegaram do colégio, porque os meninos tiveram as aulas canceladas".
"Graças a Deus está tudo em ordem, é chamar por Deus agora, que ele dê vida e saúde para eu trabalhar, estar na luta para criar eles. Peço muita força e coragem para eu manter o trabalho e que nunca falte o pão de cada dia", concluiu.