Pastora morre após implorar por atendimento em unidade de saúde de Salvador; família denuncia negligência médica
Caso aconteceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pau Miúdo, na noite de terça-feira (11). Mulher de 42 anos era asmática e sofria com dificuldade para respirar.
Bahia
Publicado em 12/03/2025 por Administrador

Uma pastora morreu após implorar por atendimento no 16º Centro de Saúde Maria Conceição Imbassahy, no bairro do Pau Miúdo, em Salvador, na noite de terça-feira (11). Adnailda Souza Santos, de 42 anos, era asmática e sofria com falta de ar.

Um vídeo gravado pelo marido da pastora, Sidnei Monteiro, mostra o sofrimento da mulher. Ele acompanhou a esposa e tentou chamar atenção dos profissionais de saúde.

 

"Eu preciso de oxigênio. (...) Doutor, libera oxigênio aqui", clamava a pastora Dina, como era mais conhecida, gemendo de dor.

 

Pastora Dina morreu após passar horas à espera de atendimento médico na UPA do Pau Miúdo, em Salvador — Foto: Arquivo pessoal

Pastora Dina morreu após passar horas à espera de atendimento médico na UPA do Pau Miúdo, em Salvador — Foto: Arquivo pessoal

 

Pelas imagens, é possível ver que Sidnei tentou chamar uma assistente social e o médico plantonista da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Dois policiais militares também estavam no local. [Veja no vídeo acima]

A família conta que a pastora caiu desacordada por volta das 20h, cerca de três horas após dar entrada na unidade de saúde. Só depois disso, Dina teria recebido atendimento.

 

Entenda a sucessão de fatos descrita pela família ⬇️

➡️ Por volta das 12h, Dina buscou atendimento na UPA com sintomas como falta de ar.

➡️ Inicialmente, ela foi medicada, liberada em torno das 16h e recebeu uma prescrição para a compra de medicamentos.

 

➡️ Às 17h, quando seguia para casa, a mulher voltou a passar, com muita dificuldade para respirar.

➡️ A família, então, retornou para a UPA de Pau Miúdo, onde Dina passou horas à espera de oxigênio.

De acordo com o marido de Dina, ela recebeu uma pulseira amarela. Essa classificação indica atendimento urgente, porém que pode esperar. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que a pulseira entregue foi a laranja, que demanda atendimento ainda mais breve dada a gravidade do caso.

Como não foi possível salvar Dina, o óbito foi constatado. A família agora aguarda a liberação do corpo para realizar o sepultamento da mulher.

De acordo com Sidney, marido da pastora, a direção da UPA ainda não liberou o corpo porque ele se recusou a assinar um documento. Trata-se de uma espécie de relatório sobre a situação.

 

"Está tudo errado no papel [sobre] o atendimento que ela teve. O atendimento que ela teve está no vídeo", destacou o homem.

Em nota enviada anteriormente, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lamentou o óbito e disse que a paciente foi "prontamente encaminhada para atendimento prioritário conforme classificação de risco laranja" quando chegou à UPA.

"Durante consulta médica, houve piora do quadro de dor e a paciente foi prontamente encaminhada para a sala de assistência a pacientes críticos e iniciadas, de imediato, medidas de suporte à vida. Apesar de todas as manobras clínicas instituídas, a mesma evoluiu para óbito. Os familiares foram acolhidos pela equipe multiprofissional da unidade", disse a pasta vinculada à Prefeitura de Salvador.

A família contestou essas informações e, diante da repercussão do vídeo, que expõe a falta de atendimento, a SMS emitiu uma nova nota, informando que vai investigar o caso. "(...) Diante das diferentes informações fornecidas pelos familiares e pela gestão da unidade, determinou a abertura imediata de processo administrativo cobrando apuração rigorosa do caso junto à Diretoria de Atenção Especializada da SMS", ressaltou.

Adnailda deixou duas filhas, uma jovem de 22 anos e uma criança de 7 anos. Ainda não há informações sobre o velório da pastora.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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