Preocupados com avanço da Covid-19, líderes indígenas do sul da BA denunciam falta de máscaras e álcool em gel
15/01/2021 17:02 em Bahia

Com quase 500 casos confirmados da Covid-19 nas aldeias indígenas de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, cidades que ficam no sul da Bahia, lideranças estão preocupadas com o avanço da doença na comunidade indígena. Eles denunciam a falta de equipamentos básicos para prevenção como máscaras e álcool em gel.

Nas aldeias de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, segundo o cacique Zeca Pataxó, cerca de 19.300 convivem com a preocupação de serem infectados.

As aldeias da Jaqueira e Nova Coroa continuam fechadas para a visitação de turistas. A única que foi aberta foi a "Coroa Vermelha", maior aldeia urbana do país.

 

"Nós vivemos numa aldeia turística e muitos trazem ou levam a contaminação", disse a liderança indígena de Coroa Vermelha, Ubiranan Pataxó.

 

A aldeia é praticamente um bairro, tem comércio, cabanas e shopping de artesanatos. Alguns visitantes ainda insistem em circular sem máscara, mas a maioria usa.

 

"Acho importante o uso da mascara, a pandemia ainda não acabou, a vacina ainda não saiu. A gente não sabe quem tá contaminado", contou o turista baiano, Gustavo Barbosa.

As lideranças das aldeias dizem que a falta de máscaras e álcool em gel tem sido responsável pelo aumento do número de contaminados. Segundo eles, no início da pandemia eles receberam máscaras e álcool em gel da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e Fundação Nacional do Índio (Funai), mas há meses que eles não recebem os equipamentos.

 

"É muito triste, estamos esquecidos do poder público. Fizemos campanhas na internet, mas não foram suficientes e precisamos de ajuda, precisamos de mascaras até para distribuir para os turistas", contou Ubiranan Pataxó.

 

O cacique de Coroa Vermelha foi além e disse que a Funai também deixou de enviar alimentos para os indígenas.

 

"A Sesai é responsável pela saúde indígena e estamos isolados, mas sem nada? Nem alimentação Funai está mandando", denunciou.

 

"Eles orientam, levam álcool em gel e proíbe pessoas de outras regiões levarem os vírus para as aldeias, e nas aldeias andamos muito juntos, aí contamina rápido" ressaltou preocupado, Zeca Pataxó.

As lideranças também denunciam a quantidade de combustível para levar os indígenas das aldeias até a unidades de saúde, que segundo eles é insuficiente para um atendimento adequado.

 

"Antes era R$ 100 mil por mês, agora são 70, dá dia 20, a gasolina já acabou", revelou Zeca Pataxó.

 

O Conselho Regional dos Caciques informou que levou as denúncias para o Ministério Publico Federal (MPF), Ministério da Saúde e à presidência da república.

 

 
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!