Em transição de gênero, estudante de medicina tem matrícula cancelada na UFSB por suspeita de fraude de cotas para transexuais.
Bahia
Publicado em 17/12/2020

A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) cancelou a matrícula de uma estudante de medicina por suspeita de fraude na cota para pessoas transexuais. Joana Magalhães de 34 anos está no processo de transição de gênero para o feminino e disse que não entende os critérios que levaram a universidade a tomar essa decisão. A matrícula da estudante foi feita em maio do ano passado, no campus de Teixeira de Freitas, e o cancelamento, em último recurso, foi feito na última sexta-feira (11). Jô Magalhães, como a estudante é conhecida, questiona a postura da instituição porque acredita que não houve transparência no processo de decisão de cancelar a matrícula dela. “Uma coisa precisa ficar bem explícita. Eu sou uma pessoa transgênero, eu sou uma pessoa transgênero fluida, às vezes não binária, no sentido de que às vezes não me defino nem no masculino e nem no feminino, mas eu ando pelos dois muito bem. Tenho gosto, é claro, de andar pelo feminino. Essa primeira questão que a gente precisa deixar bem explícito, eu sou uma pessoa trans”, disse. Em nota, a UFSB confirmou o cancelamento da matrícula da estudante, mas não entrou em detalhes sobre as acusações dela. Confira o posicionamento na íntegra no final da reportagem. A estudante disse que acha que há uma grande confusão no julgamento do caso dela na universidade. “Vale também lembrar que eu não posso me determinar com uma mulher trans, eu sou uma pessoa transgênero. Essa é a grande confusão que está ocorrendo com relação ao meu caso, é justamente a confusão que se dá com os termos transexuais, travestis e transgêneros. Transexuais e travestis são transgêneros, mas a identidade trans ela é muito maior, ela é muito abrangente, ela tem inúmeras identidades”, afirmou Jô Magalhães. Em entrevista ao G1, a estudante contou que entende a pessoa que fez a denúncia, mas que não concorda com os critérios usados pela UFSB para confirmar o cancelamento, já que o edital de inscrição não especificava quais tipos de transgênero tinham direito a vaga. “Ao mesmo tempo, algumas coisas precisam ficar definidas, de quais são os nossos direitos como pessoas não binárias e como pessoas de gêneros fluídos. O que que eu preciso? Existe uma performance? Existe um estereótipo, fenótipo que diga que é? Você só é trans a partir do momento que você se assume trans ou você sempre foi trans a vida toda travestida em um corpo que não é seu?”, questionou.*G1BAHIA— Foto: Arquivo Pessoal

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