Maria Rita Silva, 13 anos, é uma adolescente cheia de vida e mora em Salvador. Risonha, amorosa e estudiosa, nasceu com paralisia cerebral, e hoje busca um sonho: poder andar sozinha, sem ajuda de equipamentos. A mãe dela, Paula Silva, busca ajuda financeira para realizar o desejo da jovem. Paula conta que as lesões que podem ter causado a paralisia de Maria Rita aconteceram ainda na gestação. Ela nasceu prematura e precisou ficar hospitalizada até se desenvolver. Durante a gestação, Paula foi alertada pelos médicos de que a filha poderia nascer com deformações. "Maria Rita nasceu de oito meses. Ela teve uma lesão durante a gravidez, nos três meses, e no final, com sete meses. Ela nasceu de 35 semanas. A gente ficou internada para esperar completar as 40 semanas. Ela teve que tomar corticoide para fazer o amadurecimento do pulmão", conta.
"Quando ela nasceu, eu já estava preparada que ia nascer uma criança totalmente deformada. Os médicos conversaram comigo. Só que quando ela nasceu, ela nasceu uma criança aparentemente normal. Aí todo mundo ficou surpreso", disse. Depois do nascimento, Paula passou a correr atrás de exames para tentar identificar o impacto das lesões em Maria Rita, já que ela não tinha nenhum traço físico das deformações que o médico alertou. Ela precisou entrar com liminar na Justiça para que o plano de saúde liberasse uma ressonância, que é um método de diagnóstico por imagem. "Eu sabia de tudo, estava preparada, porque ela tinha tido uma lesão. Só que até então eu não sabia que era uma paralisia cerebral. A gente não sabia que ela tinha uma lesão que tinha atingido mesmo a parte da coordenação motora, e a parte inferior [do corpo] foi a mais atingida", disse. "E quando ela tinha 1 ano e 2 meses, eu pedi uma ressonância. A gente não podia fazer porque o plano não cobria e não permitia, porque ela era muito novinha. Eu entrei com a liminar e consegui fazer", conta Paula. "Foi essa ressonância que mostrou realmente que ela tinha paralisia cerebral de grau 3 e aí minha vida mudou totalmente", Paula Silva, mãe de Maria Rita. Com o apoio da família, Paula então passou a procurar várias maneiras de reabilitação para a filha, desde pequena. Quando criança, Maria Rita passou por diversos tratamentos, para que a coordenação motora não fosse totalmente comprometida. "Eu consegui a estimulação lá no IBR [Instituto Baiano de Reabilitação]. A gente cada dia tinha um resultado, fomos buscando e conseguindo. E ela sempre foi dando resultados positivos. Depois, veio a equoterapia, ela começou no cavalo, fazia fisioterapia no cavalo. Só que lá tem um certo tempo que ela tinha que parar. Ela desenvolveu muito, tanto que hoje ela tem uma coordenação motora bem melhor, tem um equilíbrio", lembra ela. Maria Rita também fez treinamento na piscina, treinamento de grupo, sempre com a mãe participando e apoiando. No período de idade escolar, ela contou com o apoio do Hospital Sarah Kubitschek, que também é especializado em reabilitação. "Maria Rita começou na escola com o apoio do [Hospital] Sarah, que a gente teve que ter cadeira adaptada, mesa adaptada, e o Sarah foi fazer as instruções na escola, acompanhou muito bem essa parte da escolaridade de Maria Rita. E Maria Rita ficou nessa escola até os 10 anos. Aí a gente mudou, porque a escola não era inclusiva, mas fazia uma parte muito boa mesmo, porque tinha sempre o apoio da família e do Sarah", diz Paula. A primeira escola ajudou muito na socialização da garota, mas não fez o papel de escolarizar. Então, Paula procurou uma escola inclusiva para Maria Rita, para que ela pudesse aprender como as outras crianças. "Eu tive que dar um jeito de colocar ela em uma escola inclusiva. Aí a gente foi para o outro colégio. Procurei, conheci, fui e falei logo a questão de Maria Rita, que ela era uma criança especial, uma criança deficiente e com paralisia cerebral", disse. "Aí a gente começou na escola, fez o teste de acordo com os conhecimentos de Maria Rita, da limitação de Maria Rita e ficamos. A gente conseguiu uma bolsa de 50% e estamos batalhando por uma bolsa 100%", ponderou Paula. "Hoje ela tem 13 anos, está estudando, está no sétimo ano, em uma escola que tem a inclusão mesmo, total. Ela sempre dá uma resposta positiva".
Pandemia e novo tratamento
Com a pandemia, Maria Rita está com a reabilitação parada há oito meses. Enquanto não dá para voltar aos treinamentos presenciais, a mãe busca apoio para que a filha faça um tratamento mais intensivo, chamado Método Therasuit.
No entanto, o tratamento é caro e custa cerca de R$ 15 mil mensais, que não cabem no orçamento familiar. Sem desistir de realizar o sonho da filha de andar sozinha, sem ajuda de equipamentos, Paula Silva abriu um financiamento coletivo, para que outras pessoas possam ajudar na causa. "Eu busquei ajuda porque eu não tenho condições mais. Eu fiz tudo o que eu podia e posso fazer. Hoje mora só eu e Maria. E como é uma fisioterapia que é intensiva, Maria precisa disso. Precisa de uma terapia intensiva para conseguir o objetivo. Ela já anda no andador, não é cadeirante o tempo todo", diz Paula.
"É o sonho de Maria, que é o meu sonho também. É a vontade dela, o desejo dela. Então, eu acredito muito".
Paula disse ainda que tem esperança de que vai conseguir arrecadar dinheiro para dar o tratamento à filha.
"Todo mundo está sempre apoiando ela, que está sempre buscando o meio de Maria Rita participar de tudo. Sempre fazendo alguma coisa pensando em Maria Rita estar junto, em Maria Rita estar se divertindo. A gente sempre lutou por isso", disse Paula confiante.*G1BAHIA— Foto: Arquivo pessoal