Aposentado que doou sangue por 49 anos inspira filho adolescente a seguir passos: 'Meu desejo é bater o recorde dele', diz jovem.
14/08/2020 09:20 em Bahia

O aposentado Arnaldo Fernandes, que mora em Salvador, se dedicou a doar sangue por 49 anos e fez a última doação em julho, depois de fazer 70 anos e, por lei, não pode mais doar sangue regularmente. Para seguir os passos e continuar a história dele, o filho Allan Santana, de 16 anos, fez a primeira doação acompanhado do pai. Em entrevista ao G1, o aposentado contou que teve a sensação de dever cumprido ao ver o filho continuando o legado. Para Arnaldo, ele conseguiu conscientizar o adolescente com a missão de ajudar os outros. "É uma sensação de dever cumprido. Eu consegui implantar nele a informação disso, a conscientização de que precisa ajudar o semelhante. O que eu venho dizer a ele: 'você abriu as portas para seus colegas, para que outros jovens sigam também'", contou Arnaldo. Allan não tem a idade mínima para doar sangue e, por isso, precisou da autorização dos pais. Na semana passada, ele foi na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), fez o cadastro e exames obrigatórios e, ao lado da grande inspiração dele, realizou a primeira doação. "Meu pai é um exemplo muito bom que, com certeza, eu vou seguir. Meu desejo é passar os 49 anos dele. Bater o recorde [risos]", contou Allan. O aposentado contou que a esposa, a filha e o cunhado dele também doaram sangue no dia da primeira doação de Allan. Com o sentimento de solidariedade, a família se reuniu para contribuir com a grande história de Arnaldo. "O exemplo de Allan reflete o pensamento de que é possível nós termos uma consciência coletiva de amor ao próximo com relação à solidariedade, em que você pega toda uma população de juventude, que tem a capacidade de ser uma pessoa que ajuda uma outra pessoa, sem mesmo conhecê-la", comentou Fernando Araújo, diretor geral da Hemoba. Arnaldo iniciou as doações de sangue no antigo Instituto de Coleta de Sangue da Bahia (Colsan), onde está registrada a data da primeira doação de sangue: 29 de janeiro de 1971. A rotina continuou após a criação do Hemoba, em 1983. Em quase cinco décadas, Arnaldo fez 294 doações de sangue e 444 de plaquetas. A estimativa é que ele tenha ajudado a salvar quase 4 mil vidas. "Eu sou doador de plaquetas, então, essa, você faz doação todos os meses e, a de sangue, a cada 60 dias. Como meu teor de plaquetas é acima de 220, eles [Hemoba] fazem duas bolsas. Então, toda vez que eu ia doar, fazia duas doações", explicou Arnaldo. O idoso comentou que foi informado pelo diretor Fernando que saiu uma resolução permitindo que, pessoas acima de 70 anos, possam doar sangue após uma avaliação e autorização médica. "Se tudo der certo, eu vou doar, quero fazer isso. Dr. Fernando está procurando saber o processo. Se puder, próximo mês estou doando", relatou o aposentado. Chegando aos 70 anos, Arnaldo contou que tem uma saúde estável e não toma medicações. Para ele, estar saudável, atualmente, é decorrente das doações.

"Se o seu organismo retira um líquido, ele pensa: Oh, saiu um negócio aí, vamos trabalhar para repor'. Quanto você tira esse sangue, ficam se movimentando para repor. Eu mandei meu organismo trabalhar, não ficar parado. Sou grato pela oportunidade de ajudar o próximo", explicou o idoso.

Na última doação de plaquetas, seu Arnaldo ainda recebeu a surpresa de uma placa de agradecimento entregue pela médica que ele próprio escolheu para fechar o ciclo de doador. Atualmente, o estoque de sangue da Hemoba está em nível crítico. Desde o início da pandemia, o número de candidatos à doação caiu 28%. De março à junho, foram 8.200 bolsas a menos coletadas. O Hemoba informou que, para doar sangue, os interessados devem marcar um atendimento por internet, preenchendo um formulário disponível no site, ou pelo e-mail: horamarcada@hemoba.ba.gov.br, ou através do número: (71) 3116-5643, segunda à sexta- feira, das 8h às 17h, e aos sábados das 8h às 12h.*G1BAHIA— Foto: Reprodução/TV Bahia

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