Mais de 50 cobras monitoradas com chips são devolvidas à natureza em Salvador durante pandemia da Covid-19.
11/08/2020 10:12 em Bahia

Mais de 50 cobras microchipadas [monitoradas com chips] foram entregues à natureza durante o período de pandemia da Covid-19 pelo Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (Noap), ligado ao Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Antes disso, os animais foram resgatados por equipes do Grupo Especial de Proteção Ambiental (GEPA), da Guarda Municipal de Salvador (GMS), da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros, e passaram por uma análise veterinária. "Quando esses animais chegam lá para gente, eles entram no banco de dados nosso, eles são medidos, pesados, sexados, fotografados e isso tudo vai para o nosso banco de dados, para a nossa pesquisa sobre a fauna de serpentes da Mata Atlântica da Bahia, especificamente de Salvador", explicou a bióloga Rejâne Lira, professora titular do Instituto de Biologia e coordenadora do Noap. Em entrevista ao G1, a coordenadora explicou que as cobras são fotografadas, têm um pedaço de tecido recolhido e são microchipadas. Depois, elas passam por um período de quarentena no local e são devolvidas, se não forem peçonhentas. "Esses animais passam por uma quarentena com a gente, aquelas serpentes que não são peçonhentas, jiboias e sucuris por exemplo, elas vão ser soltas, que é o lugar que elas devem estar", contou Rejâne. "Esses animais não podem ser condenados a ficar dentro de um serpentário, em caixas fechadas, simplesmente porque eles são cobras e as pessoas não querem cobras vivendo. É uma mentalidade muito perversa em relação à natureza". A bióloga explica que antes da pandemia as serpentes passavam cerca de 30 dias monitoradas em quarentena. Entretanto, o procedimento foi encurtado, já que a equipe trabalha atualmente apenas nas segundas, quartas e sextas, das 9h às 13h. "Nós não conseguimos acumular um número muito grande de serpentes". Nos últimos quatro meses, os animais, de espécies não peçonhentas, são devolvidos à natureza após uma avaliação médica veterinária e uma quarentena de cerca de uma semana. As peçonhentas permanecem no serpentário, já que o Ministério da Saúde proíbe a soltura delas. Apenas na segunda-feira (10), a Noap recebeu do Gepa, três serpentes, sendo uma jararaca, uma jiboia e um outro animal, que não teve a espécie divulgada. "Os animais que são peçonhentos ficam no serpentário, porque é proibido soltar serpentes peçonhentas. Há uma diretriz do Ministério da Saúde que proíbe a soltura de serpentes peçonhentas, porque elas podem provocar acidentes. As serpentes que são peçonhentas não são soltas, porque a gente não pode colocar em risco a população", disse a bióloga. Os biólogos que trabalham no Noap extraem o veneno das serpentes, armazenam e usam para pesquisas. As cobras seguem no serpentário.*G1BAHIA— Foto: Divulgação / Noap

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