Jovem tem braço amputado por causa de câncer e faz vaquinha para comprar prótese na BA: 'Sinto falta das pequenas coisas'.
Bahia
Publicado em 08/07/2020

Depois de ter o braço direito amputado após um câncer, um jovem de 26 anos, natural da cidade de Santo Amaro, no recôncavo baiano, fez uma vaquinha para comprar uma prótese biônica. João Pedro Cerqueira de Almeida teve o membro removido em abril deste ano, para a retirada de um tumor. A amputação foi feita para que o câncer não se espalhasse para outras partes do corpo. Em agosto do ano passado, ele já havia retirado um tumor no osso na altura do bíceps. Na época, os médicos conseguiram manter o membro colocando um osso da perna no lugar. Apesar disso, seis meses depois da primeira cirurgia, depois de passar por seis sessões de quimioterapia, o câncer voltou. O jovem conta que não pensou duas vezes quando os médicos disseram que a melhor alternativa para ele seria amputar o braço, para evitar que o câncer se espalhasse novamente. "Fiz a cirurgia e removi o tumor, porém o tumor veio aparecer depois de oito meses de fisioterapia. Só que ele migrou do bíceps para a axila. Estava sentindo muita dor, não dormia. Fiquei mais de dois meses sem dormir, porque eu sofria. Eu sofri duas vezes, por suportar toda essa barra, e me perguntando, me questionando, vendo minha filha ali, minha esposa e minha mãe sofrendo junto", conta João Pedro. "Eu não me sinto inferior. Eu jogo videogame, eu uso a furadeira aqui em casa para fazer trabalhos quando minha mãe pede. Eu não me sinto inferior em nada. Eu quero a prótese, porque eu sinto falta das pequenas coisas. Pegar uma escova e colocar um creme dental, segurar um prato para colocar minha comida", relata. A família do jovem tem histórico de luta contra a doença. Em 2016, o pai dele morreu vítima de câncer no pulmão. Em 2014, ele perdeu o irmão de 14 anos para a leucemia. "Infelizmente nessas lutas não conseguimos. Perdi meu pai, logo após meu irmão, e descobri que tinha um tumor ósseo no meu braço. A minha mãe e minha filha, junto com minha esposa, me ajudaram a enfrentar essa doença, que vem acabando com minha família", disse. Para poder realizar o sonho da prótese, João Pedro precisa arrecadar R$ 200 mil. Atualmente, João Pedro vive com um salário mínimo do auxílio doença da Previdência Social, e por isso não tem condições de comprar a prótese. Depois de ouvir conselhos da mãe e da esposa, João Pedro resolveu se abrir e contar a própria história. "Muitas pessoas não sabiam, na minha cidade. Meus colegas sempre me perguntavam e eu desviava o assunto, desviava a conversa, porque eu não deixava transparecer. E foi aí que eu vi que estava sendo uma coisa que estava me machucando por dentro. Porque eu não saía mais de casa. Então eu resolvi me libertar, minha mãe insistiu com radiologista, médico, falando que eu tinha que contar minha história. Foi aí que eu peguei meu celular e falei: 'Vai ser agora, vou entregar nas mãos de Deus'. Criei uma vaquinha, gravei o vídeo e soltei. Eu me surpreendi. Eu sou muito grato a Deus. Minha cidade me abraçou, me acolheu e me ajudou a espalhar o vídeo", lembra ele. João Pedro já trabalhou como encanador caldeireiro e, um mês antes de receber a notícia de que o câncer havia retornado, estava trabalhando como vendedor em uma concessionária de motos. Ele, que se define como extrovertido e alegre, diz que a pior sensação é quando tratam ele como incapaz. "Me olham como se eu fosse uma pessoa incapaz, e eu não sou uma pessoa incapaz. Eu me sinto horrível em me sentir incapaz. Não poder fazer o que eu fazia antes, ajudar minha mãe, carregar minha filha, são coisas que eu sinto muita falta. Desde cedo, eu quis enfrentar as dificuldades da vida. Continuo forte e firme para criar minha filha", conclui.*G1BAHIA

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