Cardiologista destaca importância de hipertensos manterem remédios durante coronavírus.
Bahia
Publicado em 01/04/2020

O cardiologista Marcos Barojas falou em entrevista ao Jornal da Manhã, nesta quarta-feira (1º), dos cuidados que os hipertensos devem tomar durante a pandemia do coronavírus. Quem tem pressão alta está no grupo de risco e pode ter sintomas severos da Covid-19. Barojas alerta aos hipertensos que não deixem de tomar os remédios que controlam a pressão arterial, pois eles são fundamentais para a saúde do paciente. "O que nós sabemos de consistente é que a Sociedade Americana, Europeia, Chinesa e Brasileira de Cardiologia, todas estão tocando na mesma tecla: não se deve suspender os medicamentos de hipertensão. O que a gente observa é que o número de pessoas que tem doenças hipertensivas, ou seja, pressão alta, é muito grande, e a suspensão infundada dos remédios ou a troca infundada dos remédios pode gerar a descompensação da doença hipertensiva", explica. Segundo Barojas, a descompensação da doença hipertensiva pode ser confundida com o coronavírus, por isso a necessidade de se manter o remédio.

"A falta de ar é o marcador clínico mais importante da descompensação do coronavírus e pode ser o marcador clínico da descompensação cardiovascular. Ou seja, por eu suspender o remédio inadvertidamente, eu posso descompensar o coração, ter pressão alta, falta de ar e parar na emergência. Na emergência, praticamente toda as faltas de ar vão ser interpretadas como coronavírus, isso vai gerar todo um processo de isolamento e talvez internação indevida", revela.

O médico diz que entende a preocupação das pessoas com comentários negativos da relação entre os remédios de hipertensão e o coronavírus, mas ressalta que não há nada comprovado cientificamente. "Acontece que alguns medicamentos estabeleceram uma reação de laboratório. Se observou que o coronavírus pode entrar no pulmão através de um receptor específico, e não tem só no pulmão, tem no cérebro, coração, no rim e em outros tecidos. E esse receptores é onde alguns remédios agem, ou seja, é uma relação indireta, é uma relação de laboratório e não foi testado. Então não se sabe se realmente as pessoas que tomam esses remédios têm risco", destaca. O cardiologista destaca que já se sabe que idosos, pessoas com doenças pulmonar, pessoas com problemas cardiovasculares como infarto e insuficiência cardíaca, além do subgrupo dos hipertensos têm um risco maior de infecção por coronavírus. Diante disso, essas pessoas devem se manter reservadas e se manter o isolamento social. "Se existe um real isolamento naquele núcleo familiar, se nada entra e nada sai, acho que não precisa isolamento entre as pessoas da casa. Mas se alguém acaba entrando ou saindo, trabalhando e tendo contato, existe a importância de deixar a pessoa racionalmente um pouco mais afastada. Então, escova de dente não deixar a mesma pia, de preferência dormir em uma cama isolada, sozinho, não compartilhar o mesmo banheiro se possível, ou seja, fazer o máximo possível dentro da sua vida conforme a gente vê na mídia e em todos esses canais de informação", conclui. Até a manhã desta quarta-feira, a Bahia havia registrado mais de 210 casos confirmados de coronavírus. Além disso, duas mortes foram registradas no estado em decorrência da doença.*G1BAHIA

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