Dois anos após tragédia com lancha em Mar Grande, família luta para que 20ª vítima seja reconhecida: 'Quero justiça'.
Publicado em 23/08/2019 08:29
Bahia

Dois anos após o naufrágio da lancha Cavalo Marinho I, que deixou 19 mortos na Baía de Todos-os-Santos, na região de Vera Cruz, a família de uma das sobreviventes, que morreu um ano depois do acidente, luta para que ela seja reconhecida como a 20ª vítima da tragédia. Adailma Santana Gomes, de 27 anos, foi acometida por uma depressão depois do estresse pós-traumático, que é o distúrbio caracterizado pela dificuldade em se recuperar, depois de vivenciar um acontecimento violento e/ou impactante – no caso dela, o naufrágio da lancha Cavalo Marinho I –, e cometeu suicídio há cerca de 11 meses. A tia dela, Eliane de Santana, conta que a empresa responsável pela lancha Cavalo Marinho I, a CL Transportes Marítimos, nunca prestou nenhum tipo de assistência à família. "Não houve apoio à família, indenização, nada. O advogado está correndo atrás [para incluir Adailma na lista de vítimas], mas até agora nada. A gente não queria nem indenização de nada, a gente queria só ela de volta. Mas que a justiça seja feita. A gente está lutando e vai lutar com fé em Deus, para que a justiça seja feita". "Eles têm que arcar com a responsabilidade. Não é pelo dinheiro, é para não ficar impune. É para não ser em vão, sabendo que a culpa é deles" , disse Eliane Santana. G1 tentou contato com a empresa CL Transportes, responsável pela lancha Cavalo Marinho I, por telefone e por e-mail, mas não obteve respostas.

Conhecida como "Dai", Adailma deixou uma filha, que hoje tem 5 anos, e o marido – o português Luís Filipe Marques, que está no Brasil há 24 anos. A jovem completaria 28 anos no dia 15 deste mês. Antes de ter a vida interrompida em decorrência da tragédia, Eliane lembra dos planos de crescimento da sobrinha.

"Ela estava fazendo curso para trabalhar e dar o melhor à filha dela, mas só que essa tragédia não deixou minha sobrinha concluir o que ela queria de verdade. Alguém vai ter que pagar por isso. A Justiça vai ter que cobrar, ela tarda mas não falha. Demora, mas eles [empresários] vão ter que pagar tudo o que devem. A vida desse povo da lancha [CL Transporte] é ganhar. Eles só querem ganhar dinheiro, sem saber o que a gente passa no meio do mar". "Eles estão curtindo e a gente aqui sofrendo, perdendo a alegria que a gente tinha, mas eles continuam sorrindo. Nada vai trazer minha sobrinha de volta, mas eu espero que a justiça seja feita", disse Eliane Santana. *G1BAHIA — Foto: Reprodução/TV Bahia.

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