Vítima que teve braço amputado em acidente de ônibus com 27 feridos fala sobre resgate: 'Nasci de novo'.
Bahia
Publicado em 19/06/2019

Uma das vítimas que teve o braço amputado no acidente com o ônibus que caiu de uma ribanceira na região do Acesso Norte, no bairro do Cabula, em Salvador, falou sobre os momentos de tensão no resgate. Marcus Vinícius Silva tem 48 anos e é despachante. Ele ficou três dias internado no Hospital Geral do Estado (HGE) e teve alta no domingo (16). Nesta terça-feira (18), ele conversou com a reportagem da TV Bahia e contou que costumava pegar o mesmo coletivo todos os dias.  "Eu pegava esse ônibus todo dia. Peguei o ônibus na frente do Detran e ele fez o roteiro normal, que era indo pelo [shopping] Bela Vista. Aí o ônibus parou no ponto e pegou gente. Ele saiu devagar e, de repente, a gente viu o suspender do 'baque' no meio fio e caiu na ribanceira", lembrou. No momento do acidente, ele estava sentado próximo do elevador. Depois da batida e do tombo, Marcus conta que o equipamento ficou por cima do ombro direito dele, mesmo lado onde o braço precisou ser amputado. "Eu estava deitado com uma das pernas para cima e o elevador do ônibus em cima do meu ombro. Eu sentia dor. Era uma dor suportável. Eu fiquei lúcido todo o tempo. O pessoal vinha, conversava comigo, eu conversava com o pessoal", contou ele. Marcus não chegou a ver a movimentação de pessoas que estavam desesperadas por conta do acidente, enquanto esperavam socorro. "Não dava para ver as pessoas porque eu estava dentro do ônibus. Eu só vi o pessoal passar pelo teto do ônibus. E o pessoal querendo ajudar, mas um rapaz disse: 'Não venha não porque pode emborcar de novo, deslizar de novo e ter outra coisa grave'. Então eu só via carro passando e o pessoal no alvoroço...não dava para entender muito bem", disse.

O despachante foi a segunda pessoa a ter o braço amputado por conta do acidente. A primeira foi um idoso que perdeu o membro no momento em que o ônibus caiu da ribanceira. "Foi complicado, mas eu tive uma assistência do pessoal do HGE muito boa. Foi na sala de cirurgia que o médico conversou comigo. Eu perguntei: 'E aí, doutor, tem jeito?'. Aí ele me disse que não, que ia ter que amputar. Aí eu tomei aquele 'baque' assim, mas depois eu me segurei. Aí eles me aplicaram os remédios e eu já não vi mais nada", descreveu Marcus. Marcus Vinícius já esteve na delegacia para registrar o boletim de ocorrência do caso. De acordo com ele, a empresa responsável pelo coletivo ainda não entrou em contato. "A empresa ainda não entrou em contato. Eu fui para a delegacia ontem [segunda-feira, 17] fazer o BO [boletim de ocorrência]. Já fui no HGE ver a documentação que precisa e ainda hoje [terça-feira, 18] eu vou no Instituto Médico Legal fazer o exame de corpo de delito".

Agora, Marcus conta que vai comemorar duas datas de aniversário, pois considera que nasceu de novo por ter sobrevivido ao acidente. Positivo, ele se considera sortudo por estar com a família. "Já parei para pensar no que aconteceu. Eu vi que tive sorte. Eu estou vivo, estou com minha família. Tive sorte, nasci de novo. Minha nova data é dia 13 de junho. Daqui para frente é vida nova. Vou fazer dois aniversários, duas festas". O despachante agradeceu também pelo apoio que recebeu, tanto do hospital, quanto dos amigos que o procuraram para dar assistência. "Eu queria agradecer ao pessoal do HGE porque eles foram nota 10. Queria agradecer aos meus amigos que têm me ligado. Todo mundo dando apoio, querendo dar assistência, mas peço desculpas que ainda não tive tempo de falar com todo mundo. Só tenho a agradecer ao pessoal". Em nota, a empresa OTTrans, responsável pelo ônibus do acidente, informou que formou um comitê permanente para as vítimas na garagem dos coletivos e já recebeu oito pessoas. Segundo o comunicado, são oferecidos médico, psicóloga e advogado. Além disso, de acordo com o posicionamento, todos os dias equipes da empresa estão indo em todos hospitais, visitando os internados. *G1BAHIA — Foto: Reprodução/TV Bahia

 

 

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