Jovem diz que esposa de 20 anos entrou em estado vegetativo após ter útero retirado durante parto em hospital na BA; prefeitura nega.
22/03/2019 09:00 em Bahia

Um jovem de 21 anos, que mora em Araci, na região nordeste do estado, disse que a esposa, de 20 anos, entrou em estado vegetativo após ter o útero retirado durante o parto do filho no hospital do município. A prefeitura da cidade, responsável pela unidade de saúde, nega que o órgão tenha sido retirado durante o procedimento, e afirma que os médicos se limitaram apenas a realizar o parto. Gean Guimarães da Silva diz que a mulher, Mirene Santos da Silva, teve o bebê no dia 20 de julho de 2018, quando tinha 19 anos. Ele conta que os exames de pré-natal não detectaram nenhum problema com ela e o bebê e apontaram que a gravidez seria normal. Os parentes de Mirene decidiram relatar o caso à imprensa somente agora, oito meses após o parto, porque também reclamam da assistência prestada à jovem atualmente pela prefeitura municipal. No dia do parto, segundo Gean, Mirene levou todos os documentos para o hospital e os médicos disseram que ela estava bem.

"Levamos tudo, o ultrassom, os exames, todos feitos na rede particular. Ela não tinha nenhum problema de saúde. A gente chegou no hospital, às 3h40 da madrugada, após ela sentir dores, e, às 6h, eles falaram que ela estava bem. A gente não pôde acompanhar. Às 8h, a enfermeira disse que ela já estava na mesa do parto, mas, pelo que percebemos, o parto demorou muito. Toda hora eles chegavam dizendo que a criança iria nascer e nada. Somente as 10h25 informaram que ela tinha ganhado o neném. Ela passou quase 2h ou mais na sala de parto e a gente estranhou", disse o marido. Depois do parto, segundo ele, um enfermeiro foi até onde os familiares aguardavam e disse que Mirene precisava de um novo ultrassom. "O enfermeiro que ajudou o médio que fez o parto chegou para a gente e disse que tinha ficado com um pedaço da placenta na barriga e que era para fazer um novo ultrassom. Ele veio todo calmo, mas quando a gente foi até a sala de parto vimos uma correria, uma agonia toda. A gente perguntou o que tinha ocorrido e descobrimos que o médico tinha puxado a placenta dela e veio com o útero e tudo. Por conta disso, ela começou a ter uma intensa hemorragia. Na minha opinião, isso foi por negligência, porque minha mulher não tinha nenhum problema", afirmou Gean.

Depois, segundo o marido, a jovem foi encaminhada às pressas para o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana.

"Antes deles colocarem ela no carro, ela disse assim para a mãe dela, que estava acompanhando a gente no dia dia parto: 'mãe, eles me machucaram muito'. Na viagem, ela foi consciente, conversando normal, mas perdendo muito sangue. Quando chegou em Feira, ela foi encaminhada direito para a sala de cirurgia. Ela deu uma parada cardíaca por 10 minutos, os médicos conseguiram reanimar ela, mas ela já não voltou a mesma pessoa", disse. Conforme Gean, Mirene entrou em estado vegetativo na unidade médica de Feira. A jovem ficou internada no HEC por seis meses. Jordan, o bebê deles, não ficou com nenhuma sequela e é uma criança saudável. "Em Feira, os médicos disseram que a gente tinha agora que esperar por um milagre, porque o quadro dela não tem volta. Aí, depois de seis meses, mandaram ela para casa. É um estado vegetativo. Hoje, ela só abre o olho e chora. Não mexe perna, não mexe braços", afirma. O G1 procurou a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) para que pudesse falar sobre a internação da jovem no HEC, mas o órgão disse que, cumprindo determinação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Ministério Público, não fornece o estado de saúde e informações de pacientes internados na rede de assistência estadual. Gean diz que, atualmente, a jovem precisa de cuidados domiciliares durante 24h, mas que não está tendo essa assistência por parte da prefeitura. "Os cuidados que a prefeitura oferece não suficientes. Ela precisa ser acompanhada durante todo o dia, mas não é assim. A prefeitura contratou uma empresa de saúde pra fazer esse atendimento em casa, mas só tem enfermeiro três dias por semana, terapeuta três dias por semana e médico uma vez só por mês", diz Gean, que atualmente mora com a mulher em uma casa alugada pela prefeitura em Araci.*G1BAHIA

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