PM suspeito de matar adolescente e atirar contra jovem em Salvador é considerado foragido
Bahia
Publicado em 06/12/2024

O policial militar Marlon da Silva Oliveira, suspeito de matar um adolescente e atirar contra um jovem, em Salvador, é considerado foragido. A Justiça decretou a prisão preventiva dele nesta sexta-feira (6), mas até o início desta tarde, o soldado não foi localizado.

A Polícia Civil informa que já esteve em três endereços em busca do PM e segue nas ruas, a fim de garantir o cumprimento do mandado de prisão.

crime ocorreu na madrugada do último domingo (1º), no bairro de Ondina. Como mostra o vídeo filmado por uma testemunha, Marlon rendeu Gabriel Santos Costa, de 17 anos, e Haziel Martins Costa, 19, xingou e agrediu os dois. Ele disparou mais de 10 tiros contra os meninos.

 

Com o ataque, Gabriel morreu na hora. Já Haziel foi levado para uma unidade de saúde, onde permanece internado. O jovem foi atingido no abdômen, braço e antebraço. De acordo com a mãe dele, Kelly Martins, o estado de saúde do garoto é grave.

Quando prestou depoimento à polícia, Marlon admitiu ter atirado contra os meninos, mas disse que agiu em legítima defesa. De acordo com ele, os dois tentavam assaltá-lo.

Mas a Polícia Civil não aceitou essa justificativa. Os investigadores estão colhendo depoimentos e provas para esclarecer a motivação do crime.

 

A Polícia Militar instaurou um processo administrativo disciplinar (PAD) para apurar o caso e afastou Marlon das atividades operacionais. A corporação havia realocado o soldado para a área administrativa até o fim das investigações.

 

Veja o que se sabe sobre o crime:

 

 

 

1. Como o crime aconteceu?

 

O crime ocorreu no bairro de Ondina e foi filmado por uma pessoa que flagrou o momento em que Gabriel Santos Costa, de 17 anos, e Haziel Martins Costa, 19, foram rendidos pelo policial militar Marlon da Silva Oliveira.

 
Homem rendeu as vítimas no bairro de Ondina, em Salvador — Foto: Redes sociais

Homem rendeu as vítimas no bairro de Ondina, em Salvador — Foto: Redes sociais

Nas imagens, é possível ouvir que o suspeito xingou e agrediu as vítimas. Depois, mandou que os rapazes colocassem o rosto no asfalto e as mãos na cabeça. Eles obedeceram às ordens do suspeito, que fez uma espécie de revista. Mesmo rendidos, os dois foram atingidos com mais de 10 tiros.

Após balear a dupla, o homem entrou no carro branco que aparece no vídeo e deixou o local. Gabriel morreu na hora. Já Haziel foi socorrido para um hospital da capital baiana.

 
 

 

2. Qual a versão do suspeito?

 

Marlon, que atua na 9ª Companhia Independente da Polícia Militar, no bairro da Boca do Rio, não estava fardado, nem usava o carro da corporação. Ele alegou legítima defesa em depoimento à Polícia Civil e afirmou que os jovens tentaram assaltá-lo.

 

O mesmo argumento foi apresentado pela namorada do policial, que não teve o nome divulgado. A mulher é uma das oito testemunhas que já foram ouvidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil, no entanto, não aceitou a justificativa e ingressou com o pedido de prisão preventiva do suspeito.

 

Procurado, o advogado Otto Lopes, que defende o casal, disse que não vai se manifestar até que as investigações sejam concluídas.

 

 

3. O que dizem os familiares das vítimas?

 

A família de Gabriel pede a quebra de sigilo do celular do suspeito. O corpo dele foi sepultado na tarde de segunda-feira (2) sob forte comoção e pedidos de justiça.

Marlene Santos, mãe de Gabriel, disse que recebeu uma ligação por volta das 3h30 da madrugada de domingo, e foi avisada sobre a morte do filho. Naquele momento, ela disse que ainda não sabia que o jovem tinha sido assassinado, nem que o homicídio havia sido gravado por uma testemunha.

mãe do adolescente prestou depoimento na terça-feira (3), na sede da Delegacia de Proteção a Pessoa (DHPP), e aproveitou a ocasião para cobrar soluções.

 

"Com aquela imagem [do crime], ninguém tem mais dúvida. Ele [suspeito] tem que falar o que ele fez e porque ele fez. Meu filho foi executado. Foi muita maldade, eu nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Eu tinha pena das mães [que perdem os filhos] e agora estou no meio delas".

 

O pai dele, que preferiu não se identificar por medo, disse que o filho não era envolvido com a criminalidade. Ele contou que, dias antes de morrer, o adolescente foi apreendido por ter xingado um policial militar e foi acusado de desacato. No entanto, foi liberado logo em seguida.

"Podia ser o pior vagabundo rendido ali, ele não podia matar um ser humano. Era um menino bom. Não puxava bonde nenhum, graças a Deus. O policial o xingou, ele também xingou o policial e foi preso. Aí eu fui lá, liberou ele lá na Dercca, mas não teve nada demais", relatou em entrevista à TV Bahia.

 

A mãe de Haziel falou com a emissora na quinta-feira (5). Emocionada, Kelly Martins cobrou a prisão do soldado. "Meu filho ainda se encontra em estado grave. Eu quero justiça, eu estou clamando por justiça. Cadê o governador do estado? Cadê o [secretário de] Segurança Pública? Eu estou clamando por isso, quero esse homem preso".

 
 

 

4. Como o caso é investigado?

 

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que a PM instaurou um processo administrativo disciplinar, enquanto a Polícia Civil abriu inquérito para esclarecer a motivação e a dinâmica do crime. A PC tem 30 dias para concluir esse inquérito, que deverá ser analisado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). O órgão acompanha o caso.

A delegada responsável pelas investigações, Zaira Pimentel, pediu a prisão preventiva do suspeito ainda na noite de segunda (2), mas a Justiça não analisou a solicitação no plantão judiciário por entender que não havia urgência.

Com isso, o PM foi liberado, pois já havia passado o prazo para decretação de flagrante. Quando a Justiça apreciou o pedido e determinou a prisão, na sexta (6), o suspeito não foi encontrado.

A Polícia Militar da Bahia informou que o agente foi afastado das ruas e teve a arma recolhida. Oficialmente, o agente foi realocado para a área administrativa até o fim das investigações da Polícia Civil, que está em posse do revólver.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!