Irmã de mulher trans encontrada morta dentro de motel em SP acredita que pastor mentiu no interrogatório: 'não pode ser solto'
Bahia
Publicado em 25/10/2024

A irmã de Luane Costa da Silva, de 27 anos, mulher trans encontrada morta no quatro de um motel em Santos, no litoral de São Paulo, acredita que o pastor e engenheiro de 45 anos, suspeito de cometer o crime, mentiu durante o depoimento à polícia.

O corpo de Luane foi encontrado pela polícia na quarta-feira (23). O homem, que não teve a identidade revelada, foi preso no mesmo dia, dentro do estabelecimento.

Para a polícia, o suspeito contou que contratou os serviços de Luane, que era profissional do sexo, e descobriu que ela era uma mulher trans ao chegar no quarto. Ele relatou que foi extorquido pela vítima ao desistir do "programa" e que foi ameaçado com uma arma de choque.

O pastor ainda disse que chegou a fazer duas transferências bancárias via PIX, no valor total de R$ 200, porque temia que Luane contasse à esposa dele sobre a traição. Ele é casado há mais de 25 anos e pai de três filhos.

Mulher trans foi encontrada morta em motel no bairro Vila Matias, em Santos (SP) — Foto: Redes Sociais

Mulher trans foi encontrada morta em motel no bairro Vila Matias, em Santos (SP) — Foto: Redes Sociais

A irmã de Luane desconfia da versão apresentada pelo investigado. "Eles sempre vão dar essa versão de dizer que pensou que era mulher. Eles sempre procuram a gente na noite e depois vêm com essa versão. Fazem o ato, o acontecimento, depois vêm com essa versão de casado, de pensar que era mulher e é tudo mentira", afirmou Myllena Rios, que também é uma mulher trans.

 

 

"Ele saiu com ela de um ponto que ficam travestis e mulheres trans. Tudo que aquele homem miserável contou é mentira, dá para ver".

 

Segundo Myllena, Luane viajou para Santos no dia 15 de outubro, acompanhada do marido, para procurar um apartamento para morar na cidade. A ideia era que Myllena e o companheiro se juntassem ao casal no fim do mês.

A previsão é de que o corpo da vítima chegue em Salvador às 13h desta sexta-feira (25) e seja encaminhado para Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano, onde a vítima nasceu. O velório e sepultamento devem acontecer no sábado (26), contudo, os horários ainda não foram definidos.

 

Mulher acolhedora

 

Pastor foi preso suspeito de envolvimento com morte de mulher trans baiana  — Foto: Redes Sociais

Pastor foi preso suspeito de envolvimento com morte de mulher trans baiana — Foto: Redes Sociais

Em entrevista ao g1 Bahia, Myllena Rios definiu a irmã como uma pessoa amiga, amável e querida. "Ela não tinha rixa com ninguém, não era problemática e gostava de beber, curtir e brincar", recordou.

Para ela, Luane será lembrada pelo acolhimento oferecido. De acordo com a baiana, a vítima ajudou várias mulheres trans que foram abandonadas pelas famílias em Santo Antônio de Jesus, oferecendo abrigo dentro da própria casa.

 

"Luane sempre foi uma pessoa maravilhosa, sempre procurou ajudar a todos, principalmente mulheres trans. Ela sempre foi solidária", detalhou.

 

Mesmo com a prisão do suspeito, Myllena disse que vai lutar para que o crime não caia no esquecimento e que o pastor pague pela morte da irmã.

 

 

"Não posso deixar esse processo ser arquivado. Esse miserável não pode ser solto. Se precisar, vou viajar para Santos, mas não vou deixar ficar impune. Quero justiça".

 

 
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