Morre jovem baleado em bairro periférico de Salvador; moradores contestam versão da polícia
Bahia
Publicado em 16/09/2024

Morreu, nesta segunda-feira (16), um dos jovens baleados enquanto andavam de motocicleta, na localidade "Lagoa da Paixão", no bairro de Valéria, em Salvador. O caso ocorreu na noite de domingo (15).

Wendel de Aragão Pinto Ferreira dos Santos, de 18 anos, foi atingido com um tiro na barriga e estava internado em estado grave no Hospital do Subúrbio. Nesta segunda, a morte dele foi constatada. O outro jovem baleado já recebeu alta hospitalar e se recupera em casa.

A Polícia Militar informou que o caso ocorreu após confronto entre a dupla e equipes da corporação na rua Morada da Lagoa. As famílias deles e moradores negam essa versão.

 

Por causa da situação, os moradores fizeram um protesto na entrada da BA-258, conhecida como "Estrada do Derba". O serviço de transporte público foi suspenso na região da Lagoa da Paixão, no início da tarde desta segunda.

Um comerciante da região relatou que confraternizava com a família, dentro de casa, quando ouviu os disparos. Ele afirma que os policiais atiraram nos jovens enquanto tentavam fazer uma abordagem. Ainda segundo o morador, a dupla não estava armada.

Segundo a família e vizinhos, os jovens baleados são amigos, moram no bairro e não se envolviam com a criminalidade.

 

"Quando eu saí, ele [o policial] já estava atirando no rapaz. Eu e minha família começamos a gritar para ele não atirar no rapaz, mas ele continuou atirando, depois virou a arma e atirou na nossa direção", afirmou o comerciante.

 

Em nota, a Polícia Militar informou que equipes da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) faziam rondas na região quando encontraram homens armados, em motocicletas.

De acordo com a PM, ao perceberem a presença da polícia, os suspeitos atiraram nos agentes, que revidaram. Os dois jovens citados como suspeitos pela corporação foram baleados.

 

A Polícia Militar informou ainda que houve um início de tumulto e moradores não aceitaram que os policiais encaminhassem os jovens para atendimento hospitalar. Eles foram levados para o Hospital do Subúrbio por familiares e amigos.

 

Relato dos moradores

 

Segundo os moradores, os dois jovens estavam sem capacete quando três policiais ordenaram que eles parassem. A dupla seguiu por mais alguns metros e pararam na frente de uma casa, em um trecho da rua que estava iluminado.

Foi quando, segundo a PM, houve o confronto.

 

Conforme os moradores, os policiais atiraram nos jovens, que já estavam rendidos e de costas.

"Segundo eles, deram a voz de parada, porque os meninos estavam sem capacetes, no escuro. Quando se sentiram seguros, aqui na frente, que se renderam, eles atiraram", relatou um morador.

 

"Eles falaram: 'Tem que morrer os dois. Por que correu se não devem nada?' Não tinham armas. Então porque os meninos correram, tinham que perder a vida?", questionou o vizinho dos jovens.

 

 

'A gente não aguenta mais isso'

 

Os moradores relataram que os policiais da 31ª CIPM costumam fazer abordagens violentas a moradores da região.

"A gente já sofre assim há anos. A gente não aguenta mais isso, não é de agora", reclamou o morador, que preferiu não revelar a identidade.

 

"A gente não tem envolvimento com o tráfico e eles fazem a gente desbloquear o celular para pegar números, ameaçam de morte, dão tapas e esculacham moradores", afirmou o morador.
 
 
 
 
 
 
 
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