Técnico preso por suspeita de xingar jogadora do Bahia de 'macaca' paga R$ 42 mil e recebe liberdade provisória
Bahia
Publicado em 10/07/2024

O treinador do time feminino JC Futebol Clube, do Amazonas, recebeu liberdade provisória nesta quarta-feira (10), após pagar fiança de 30 salários mínimos, o equivalente a cerca de R$ 42 mil. Ele estava preso em Salvador desde a noite segunda-feira (8), por suspeita de injúria racial.

O técnico Hugo Duarte foi preso após a partida do JC contra o Bahia, no estádio de Pituaçu. Na partida, o time do Bahia garantiu o acesso para a primeira divisão da série A e, durante a comemoração das jogadoras, houve uma confusão. Foi nesse momento que a zagueira Suelen Santos afirmou ter sido chamada de "macaca" pelo treinador.

 

Após receber a medida provisória, Hugo Duarte vai voltar para Manaus, capital do Amazonas, onde vive. Apesar de ter sido liberado, ele precisará cumprir as seguintes medidas:

 

  • comparecer a todos os atos processuais;
  • manter o endereço atualizado;
  • se apresentar na delegacia mensalmente.

 

Hugo Duarte, treinador do JC Futebol Clube — Foto: Reprodução

Hugo Duarte, treinador do JC Futebol Clube — Foto: Reprodução

 

O suspeito também não poderá:

 

  • se aproximar da vítima (menos de 200 metros);
  • manter qualquer tipo de contato com a vítima;
  • manter qualquer tipo de contato com familiares da vítima;
  • sair da comarca de Manaus sem permissão das autoridades judicial;
  • se ausentar mais de oito dias da própria residência sem autorização judicial.

 

 

Relembre caso

 

Confusão durante jogo do Esporte Clube Bahia em Pituaçu — Foto: Redes sociais

Confusão durante jogo do Esporte Clube Bahia em Pituaçu — Foto: Redes sociais

O caso de injúria racial aconteceu após a partida, que terminou em empate. O placar favoreceu o time baiano, que voltou para a primeira divisão. Durante a comemoração das jogadoras, uma confusão foi iniciada entre as atletas dos dois times. Não se sabe o que motivou a briga.

 

Um vídeo mostra o momento da confusão. Nele, é possível ver que jogadoras do Bahia também discutiram com o treinador do time amazonense.

A Polícia Militar e funcionários dos dois times precisaram apartar a briga. Neste momento, a jogadora contou aos policiais que foi chamada de "macaca" diversas vezes pelo treinador.

Após o ocorrido, o suspeito, a vítima e testemunhas foram até a Central de Flagrantes, onde o caso foi registrado.

De acordo com a polícia, o treinador chegou a negar as acusações e dizer que não havia se aproximado da jogadora. Apesar disso, imagens feitas no local mostram que houve aproximação.

Nas redes sociais, a jogadora lamentou o o caso de injúria racial e caracterizou a situação como lamentável.

 

"A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista", escreveu.

 

A atleta ainda agradeceu o apoio das colegas, da família e do clube.

Jogadora lamentou o ocorrido nas redes sociais — Foto: Redes sociais

Jogadora lamentou o ocorrido nas redes sociais — Foto: Redes sociais

 

O JC Futebol Clube do Amazonas disse, em nota, que o jurídico do clube está averiguando os acontecimentos para tomar as medidas cabíveis e para que não haja "informações infames ou caluniosas que prejudiquem os envolvidos". O time ainda afirmou que repudia qualquer tipo de preconceito.

O Bahia afirmou que presta solidariedade a Suelen e "cobra uma resposta à altura da gravidade do assunto".

 

Confira nota do Esporte Clube Bahia SAF na íntegra:

 

Esporte Clube Bahia SAF se posicionou sobre o caso nas redes sociais — Foto: Redes sociais

Esporte Clube Bahia SAF se posicionou sobre o caso nas redes sociais — Foto: Redes sociais

"O que deveria ser uma noite apenas de comemoração pelo acesso das mulheres de aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu.

 

Ao final da partida, a zagueira tricolor Suelen foi alvo de ofensa racial praticada pelo treinador da equipe adversária no gramado.

Acionada, a polícia militar conduziu o acusado à central de flagrantes da 1ª delegacia para realização de boletim de ocorrência.

O diretor de operações e relações institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha.

O esporte clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação".

 

Confira nota do JC Esporte Clube na íntegra:

 

"O JC Futebol Clube AM repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa.

Sobre o ocorrido nesta segunda feira onde o clube enfrentou o Bahia pelo campeonato brasileiro feminino, houve um ocorrido envolvendo o treinador e uma atleta do clube Bahia que estão sendo investigado.

O clube juntamente com seu jurídico estão averiguando todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos.

No mais retificamos que este clube lamenta e é contra qualquer tipo de preconceito".

 

 

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