O entregador Davi Lima Souza relatou que a confusão começou depois que ele reclamou seguidas vezes do atraso em um pedido que faria entrega.

"Fiquei uns 30 a 40 minutos esperando o pedido na porta do restaurante, e nada do pedido sair. Eu fui na cozinha e reclamei com o restaurante e eles mandaram eu aguardar um pouco na saída dos pedidos. Depois eu fui na cozinha e reclamei de novo, e disse que não ia aguardar. Aí tiraram o pedido da minha tela e mandaram para outro motoboy. Eu fui lá e reclamei da retirada do pedido".

Foi a partir desta abordagem que começaram as agressões, segundo o relato de Davi. O entregador disse que um dente foi quebrado em um dos socos que levou.

"Ele começou a me puxar pela camisa e me deu um murro na cara. Eu segui dizendo que não ia, ele seguiu me puxando e me deu outro murro na boca, que partiu meu dente. Tinha outro segurança fardado do lado dele, segurando ele porque ele já queria vir para cima, para me bater mais. Eu esperei ele se afastar e fui embora".

Davi buscou auxílio de um advogado, que o orientou a registrar o caso na polícia. A investigação é feita pela Delegacia da Barra, que solicitou exames de lesão corporal. Segundo a Polícia Civil, o segurança será intimado para prestar esclarecimentos.

Em nota, o Shopping Barra informou que a equipe de segurança foi chamada por causa de uma "importunação" do entregador.

O shopping informou ainda que Davi já havia se envolvido em "situação similar em outra ocasião" e que "devido à reincidência, foi conduzido a se retirar do local". O Barra não comentou as agressões, mas disse que não compactua com nenhum tipo de violência e que está apurando os fatos ocorridos.

O entregador confirmou que houve uma confusão anterior, mas disse que não havia sofrido violência da equipe de segurança em outro momento. Para um dos advogados que faz a defesa de Davi, Marcus Rodrigues, houve crime de injúria racial.

"Analisando o contexto fático, a gente percebe que houve, sim, uma injúria racial. Essas pessoas já são contumazes neste tipo de prática. Tem a questão de que Davi utiliza de uma bicicleta para trabalhar, dele ser negro... a gente sabe que, infelizmente, isso tem acontecido diariamente. Além da lesão corporal, a gente também percebe um constrangimento ilegal, porque Davi já estava sob a detenção dele, e mesmo assim ele desferiu o soco"

Outro advogado da vítima, Sandro Reis, também comentou o caso. Ele disse que a defesa vai buscar responsabilizar o restaurante e o shopping.

"Nós vamos buscar, junto ao restaurante e ao shopping, a responsabilidade civil por todos os danos que ele sofreu, por toda a humilhação que ele sofreu. Ele é um trabalhador e vive de uma plataforma de entrega de comida. Vamos buscar todos os meios possíveis, judiciais e cabíveis para salvaguardar o direito dele".