Corregedoria da PM vai instaurar processo administrativo contra suspeito de matar indígenas em Itabela
31/01/2023 15:07 em Bahia

O policial suspeito de matar os indígenas Nawir Brito de Jesus, 16 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 21 anos, em Itabela, sul da Bahia, vai passar por processo administrativo da Corregedoria da Polícia Militar. A medida foi adotada porque o homem prestava segurança privada na região, o que é proibido pela corporação.

 

 

O suspeito, identificado como Laércio Maia Santos, foi interrogado na noite de segunda-feira (30), e permaneceu em silêncio. A informação foi divulgada pelo delegado Moisés Damasceno, coordenador da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis).

O policial teve a prisão preventiva decretada por 30 dias e foi encaminhado para o Batalhão de Choque da Polícia Militar em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, ainda na noite de segunda.

PM acusado de matar indigenas em Itabela vai responder processo admistrativo da Corregedoria — Foto: Reprodução TV Santa Cruz

PM acusado de matar indigenas em Itabela vai responder processo admistrativo da Corregedoria — Foto: Reprodução TV Santa Cruz

A defesa do PM, declarou que prefere não se manifestar enquanto não tiver acesso aos autos e provas do processo.

A polícia segue investigando o caso para identificar se houve participação de outras pessoas e possíveis mandantes.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o militar, que estava com a prisão decretada, se apresentou à polícia acompanhado de dois advogados. Ele era procurado por equipes da Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais.

No último sábado (28), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que o suspeito havia sido identificado pela polícia.

Durante as buscas, os policiais apreenderam armas, celulares, rádios comunicadores, e outros dispositivos eletrônicos, encontrados em um imóvel utilizado pelo suspeito na zona rural de Porto Seguro, cidade localizada na mesma região.

 

 

Caso

 

 

Os jovens foram mortos em 17 de janeiro, em Itabela, a cerca de 136 km do local onde o suspeito se apresentou.

De acordo com a polícia, a dupla foi atingida pelos tiros, por volta das 17h, no km 787, quando se deslocava do Povoado de Montinho para uma das fazendas ocupadas por um grupo indígena no processo de retomada feito pelos povos Pataxós da região extremo sul.

Testemunhas informaram que os disparos foram feitos por homens em uma motocicleta e as vítimas foram atingidas nas costas. A mãe de uma das vítimas disse que eles deixaram o local para buscar comida em outra localidade.

Após o assassinato, ainda no dia 17 de janeiro, os indígenas fizeram uma manifestação na BR-101, que ficou interditada por cerca de três horas.

Depois do protesto, o Movimento Indígena da Bahia e a Federação Indígena das Nações Pataxós e Tupinambás do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) fizeram pedidos de reforço de segurança aos povos da região, que estão em conflitos com fazendeiros, aos ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas, além da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

 

 
 
 
 
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