“Eu quero agradecer imensamente esse carinho que eu tenho recebido nas ruas. Está sendo emocionante as crianças vindo me abraçar, dizendo: ‘Filó, eu te assisti!’. [A Bahia] É realmente um lugar que eu tenho muito afeto, muito apreço", disse ela.

Para Dira, a continuação de "Ó Paí Ó" é uma maneira de tocar o país novamente para as mazelas da sociedade, de uma forma leve – já que o filme é uma comédia.

“A gente fala que rir é um ato de resistência, porque justamente se a gente sorrir e se a gente conta isso com bom humor, é uma maneira da gente comentar esse assunto mais amplamente, e de conseguir atrair mais pessoas para as causas de uma maneira mais suave. Eu acho que 'Ó Paí Ó' conta isso de uma maneira suave, mas de uma maneira confirmando a necessidade da gente refletir sobre esses assuntos", avaliou a artista.

"A gente vê aqui no Pelourinho como uma Central do Brasil. Tudo o que acontece no Pelourinho, acontece no Brasil inteiro. Eu acho que é por isso que Ó Paí Ó tem essa identidade com o público”, complementou.

E não é só Dira Paes que retorna à Bahia: sua personagem Psilene também. No primeiro longa, ela deixou o Pelourinho e foi morar no exterior. A artista deu um spoiler.

“Psilene vem com uma força que nem eu estava esperando. Eu cheguei, o filme já estava acontecendo – eu estava em outro trabalho –, e foi só chegar na Bahia, encontrar o Bando [de Teatro Olodum] e voltou tudo. Foi um encontro.., eles brincam comigo que me adotaram, e eu me sinto em casa, me sinto em família. Imediatamente as conexões que já existiam entre nós foram restabelecidas, e Psilene veio junto com os outros personagens".

Outros artista do elenco de "Ó Paí Ó 2" também participam da gravação com Dira Paes. O ator Jorge Washington, que interpreta Matias, comentou o retorno às filmagens.

“A gente retomar esse processo depois de 15 anos, está uma delícia. Um filme que reverbera tanto, a quantidade de memes que tem dessa história de Ó Paí Ó, circulando na internet, faz parecer que o filme foi feito ontem. A cada lugar que a gente chega, somos abordados com o texto completo do filme. Agora a gente vem com essa nova roupagem. Depois de 15 anos estamos mais experientes”.

Para Valdineia Soriano, que interpreta a traída Maria, o experiência também veio em forma de vivência e empoderamento feminino.

“Estamos mais experientes. Maria agora vem com outro olhar para Reginaldo [Érico Brás]. Tem uma coisa que eu acho bem bacana nessa nova montagem, que é: a gente tem uma equipe muito feminina. A direção é feminina, a direção de fotografia é feminina, a chefe de figurino é feminina, a chefe de som é feminina. É uma equipe com muitas mulheres e Maria, no meio de tantas mulheres, agora está com um olhar muito mais empoderado. Reginaldo que se cuide”.

A evolução chegou também para Mãe Raimunda, vivida por Cássia Vale.

“Dona Raimunda, depois desse tempo todo, agora faz consulta online. Estávamos aqui lembrando. Na verdade, 30 anos do espetáculo 'Ó Paí Ó', porque a gente não quer nunca esquecer que tudo isso vem do teatro, do teatro negro da Bahia, que depois ganhou o mundo. Foi para a telona, para a telinha e resiste. Então, para a gente, é comemorar. É comemorar sempre essa arte resistência que é nossa marca".