"Foi uma coisa muito natural. Isso é algo que meu filho e eu temos pensado já tem um tempo. E acho que agora foi a hora certa disso acontecer. Essa turnê de despedida foi algo muito bem planejado entre a gente".
Com a Última Sessão, Bituca já se apresentou na Itália, no Reino Unido e em Portugal. Em solo brasileiro, o carioca mais mineiro de todos já passou com seu repertório pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre.
Repertório esse, recheado de Brasil. A memória e identidade de um ancestral vivo tornam Milton um griô, transmitindo seus saberes por meio das palavras. Mais de 40 álbuns gravados e, ao g1, ele negou que haja a possibilidade de escolher uma música preferida.
"É algo impossível, principalmente por conta de tantas músicas e tantos parceiros que eu tive ao longo da minha vida. Seria muito difícil, e até injusto escolher apenas uma música entre quase 400 gravadas nesses 60 anos de carreira".
Milton Nascimento na estreia mundial da turnê 'A última sessão de música' — Foto: Carl de Souza / AFP
Depois da palavra do próprio artista, é até blasfêmia nominar o maior álbum dele, mas também é pecado não mencionar Clube da Esquina como uma das obras mais importantes da Música Popular Brasileira.
"Esse foi um disco todo produzido entre grandes amigos. E acho que isso interferiu diretamente no resultado. Tanto que até hoje as pessoas têm uma relação especial com esse disco. O Clube da Esquina tem uma importância muito grande na minha vida".
Milton Nascimento durante estreia última turnê da carreira no Rio de Janeiro neste sábado (11) — Foto: Carl de Souza / AFP
Importância também teve – e tem – outro grande ícone da música brasileira: Elis Regina. A Pimentinha deu voz a grandes composições de Bituca, como Canção do Sal, Cais e Nada Será Como Antes.
"Desde que conheci Elis Regina, – no começo dos anos 1960, na casa da cantora Luiza, no Rio de Janeiro – e depois em 1966, quando Gil me levou na casa dela em São Paulo para eu mostrar algumas músicas, nós nunca mais nos separamos. E até hoje tudo que eu faço é pensando nela, Elis, o grande amor da minha vida".
Os amores e as amizades não morrem, assim como os sonhos – que não envelhecem, como canta o próprio Milton. E para que não reste dúvidas sobre Milton continuar fazendo arte, ele vai seguir compondo:
"Me despeço dos palcos, da música jamais".