Mulher denuncia ter comprado remédio para filho internado em hospital público na BA: 'Falta medicamento básico'
22/09/2021 15:27 em Bahia

Uma mulher denunciou a falta de remédios no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, e relatou ter que comprar medicamentos que estão na lista do Sistema Único de Saúde (SUS) para o filho que está internado. O menino tem 5 anos e nasceu com microcefalia.

 

"Falta medicamento básico. Eu tive que comprar paracetamol. É muito complicado. Custa R$ 6 a caixa e dá no posto de saúde", disse Gleiciele Pires.

 

"Eu tive que me deslocar até a farmácia para poder comprar, porque no hospital não tinha. Meu filho tem alergia à dipirona e não tinha nenhum antitérmico que ele pudesse tomar. Além disso, ele não pode tomar nenhum medicamento líquido", complementou.

Por meio de nota, o hospital disse que houve um atraso na compra de alguns remédios, mas que isso não chegou a comprometer o atendimento aos pacientes que estão internados.

Ainda em nota, o hospital informou que a compra já foi regularizada, mas não detalhou quando.

Segundo Gleiciele, o filho dela, Leonardo, foi diagnosticado com pneumonia e está internado no Hospital Roberto Santos desde o dia 3 de setembro.

Por meio de imagens de câmera de celular, ela registrou alguns dos momentos em que precisou dar o remédio que comprou para que a enfermeira medicasse Leonardo. Em um dos vídeos, a profissional pergunta se a mãe comprou um outro medicamento.

 

"Mãe, você tem o clobazam? Porque está em falta aqui. Vai chegar", disse a enfermeira.

 

Além do clobazam, Gleiciele disse que precisou comprar também o medicamento atropina, que consta na lista de remédios essenciais do SUS, e serve para evitar salivação em excesso e complicações respiratórias.

Segundo a mãe do paciente, ela já gastou mais de R$ 100 em medicamentos, em cerca de 15 dias, para o filho que está internado no hospital.

Por causa da microcefalia, Leonardo recebia o Benefício de Prestação Continuada (BPC ), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no valor de um salário mínimo.

No entanto, devido à pandemia da Covid-19, houve um problema com o benefício que, de acordo com Gleiciele, ficou travado por um tempo. Segundo ela, o valor foi liberado recentemente, mas ainda não consta na conta bancária.

 

 

"Estou fazendo rifas, recebo doações das pessoas, para poder até manter os medicamentos que não eram para a gente estar mantendo", disse.

 

De acordo com o advogado especialista em administração pública, André Malheiros, o fornecimento dos medicamentos é uma obrigação do Estado.

"Principalmente se for definida como regra do SUS, retrata-se uma obrigação muito mais precisa nesse caso. Então é um risco ao paciente, à coletividade e é um caso de responsabilização do estado, uma vez que se trata de hospital público", explicou.

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