Filha de idoso morto ao tentar defendê-la de assalto diz que pediu que pai não reagisse: 'Foi para cima do cara'
15/09/2021 15:23 em Bahia

A filha do idoso morto a tiros após tentar defendê-la de um assalto na porta de casa, na noite de terça-feira (14), em Salvador, disse que pediu que o pai não reagisse à abordagem do criminoso.

“Ele foi para tentar me defender. Foi para cima do cara e falei para ele não ir", disse a mulher, que não quis ser identificada.

Antônio Carlos Barbosa da Silva, de 66 anos, estava na porta de casa, na Rua Visconde de Abaeté, bairro de Caminho de Areia, enquanto a filha estacionava o carro. Neste momento, o criminoso chegou de bicicleta e anunciou o assalto.

Imagens de uma câmera de segurança na Rua Visconde de Abaté flagraram o crime. O vídeo mostra o momento em que o bandido chega em uma bicicleta, saca uma arma e anuncia o assalto. A mulher então abre a porta do carro e o pai reage ao assalto. O suspeito dá um tiro na cabeça do idoso e foge a pé.

A filha do idoso relembrou os momentos de pânico e disse que o pai foi baleado quando estava no chão.

"O cara possivelmente empurrou ele, que escorregou e caiu fechando a porta do carro. Quando fui abrir a porta de novo, ele caiu no chão e o bandido atirou na cabeça dele”, disse.

 

 

Violência recorrente

 

A mulher contou ainda que não é a primeira vez que crimes desta natureza são registrados na região. Ela afirma ter sido roubada no mesmo lugar, há quase anos.

 

“No final de 2019 eu estava chegando na porta de minha casa. Fui falar com uma vizinha e um cara me abordou por trás, puxou minha bolsa e fugiu pelo mesmo lugar que o cara saiu ontem”, comentou.

 

Moradores da rua reclamam dos assaltos constantes que ocorrem na região e dizem que um portão foi colocado no local, mas retirado pela prefeitura.

Um vizinho de Antônio Carlos também relatou assalto na Rua Visconde do Abaeté. O homem disse que foi rendido por um homem que chegou em uma bicicleta e levou o telefone celular. O crime foi flagrado pela câmera de segurança.

“Eu saí de minha residência para falar com minha namorada. Fui andando, chegou ali na frente, eles me viram. Vieram de bicicleta. O comparsa ficou no beco e ele me abordou na porta dela. Levou meu aparelho e fugiu pelo beco”, disse o homem.

Outra mulher que mora perto das vítimas contou a filha é deficiente auditiva e também foi roubada na porta de casa.

“Ela estava de costas. Dois ladrões vieram com arma apontando para ela, só que ela não ouve. Uma vizinha gritou que ela não escuta. Ela se assustou porque um cachorro começou a latir. Olhou para trás, viu o homem com a arma e entregou o celular. A segunda vez, voltando do trabalho, tomou um murro na boca e levaram o celular de novo”, disse a moradora, que não quis ser identificada.

 

Segurança na avenida

 

As câmeras instaladas pelos moradores mostram crimes tanto durante o dia, como pela noite. Homens e mulheres são roubados por criminosos a pé, de bicicleta ou a bordo de motocicletas.

Segundo eles, um portão também foi colocado em um dos acessos à avenida, mas a prefeitura impediu.

“Investimos em câmeras, colocamos o portão. O pessoal da Sedur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano) não autorizou, mesmo a gente querendo pagar todas as taxas. A gente entrou com processo administrativo com uma advogada, e a gente está correndo atrás de autorização, porque todo dia, praticamente, é um assalto aqui na rua.

Os moradores dizem que os acessos servem de fuga para os criminosos.

 

“A gente tentou colocar portão. A prefeitura veio, tirou e ainda deixou um prêmio de R$ 700 de multa para nós. Que a gente possa fechar essa rua durante os dias. Só servem de saída para vagabundo, roubo e delito na nossa rua. A gente não aguenta mais”, disse outro vizinho do homem assassinado.

 

A reportagem questionada a prefeitura para ter informações sobre a reclamação dos moradores e aguarda um posicionamento.

 

Investigações

 

O comandante da 17ª CIPM, major Alex Figueredo, responsável pelo policiamento na área, informou que as equipes continuam em busca do suspeito de matar Antonio Carlos.

 

De acordo com ele, ainda não há identificação do homem, e imagens das câmeras são utilizadas nas investigações.

“Normalmente essa rua não tem solicitações para a gente na Companhia. Fomos surpreendidos hoje com as informações que ocorrem assaltos ali. Não fomos cientificados. Não por desatenção, mas porque as pessoas ainda resistem em fazer o registro das ocorrências. Precisamos que as pessoas denunciem no telefone 181 e façam os registros”, disse o major.

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