Antes da Covid-19, sertanejo Kleber planejava lançar projeto solo, diz produtor musical
Música
Publicado em 06/07/2021

O sertanejo Kleber, que morreu com Covid-19 aos 37 anos em Américo Brasiliense (SP), planejava lançar um EP solo nos próximos meses, paralelo ao trabalho dele na dupla com Kaue. Segundo o produtor musical Wesley Leonel, o trabalho foi interrompido de forma abrupta por causa da doença.

Leonel afirma que o projeto havia sido batizado de ‘Klebinho Chama no 12’. A expressão, conhecida no meio sertanejo, quer dizer colocar o volume em capacidade máxima.

“Ele tinha mania de ficar falando ‘chama no 12’. Era um projeto sertanejo com uma vibe mais eclética, com uma onda da nova tendência sertaneja do momento. Um sertanejo que mistura batidas do Nordeste, pisadinha, um sertanejo mesclado da nova era. Uma coisa bem vibe para a galera, boate, festas. Era uma parada que preservava o sertanejo, mas com um mix de novas batidas.”

Os dois começaram a conversar sobre a nova parceria musical neste ano. A escolha do repertório, o número de faixas e os nomes dos convidados, por exemplo, estavam em fase de esboço.

A doença

 

Cerca de duas semanas antes de ficar doente, em maio, Kleber viajou de Araraquara (SP), onde morava com a mulher e a filha, até Ribeirão Preto para discutir algumas ideias com o amigo. Mas, por uma incompatibilidade de agenda, não conseguiu encontrá-lo pessoalmente.

“O que atrasou tudo foi a doença, ele já estava em processo de execução, então a doença veio e ele teve que parar tudo.”

De acordo com o produtor, Kleber reagiu bem à infecção nos primeiros dias após o diagnóstico. Depois, houve uma piora no quadro de saúde e, no dia 27 de maio, ele foi internado no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (HEAB).

“Ele teve uma regressão, veio a falta de ar e ele pediu à mulher para levá-lo ao hospital. Nisso ele já foi intubado, as coisas foram piorando, foram dias e dias internado. Um mês intubado, e foi piorando. O coração parou.”

Leonel soube da morte do amigo na segunda-feira (5) pela mulher, Thalita Brochetto Ferreira. “Não caiu a ficha. A Thalita falava com a mulher dele todos os dias para termos notícias.”

 

Memórias

 

De acordo com o produtor, Kleber começou a carreira artística em 2005. Os dois se conheceram em 2016, quando produziram juntos o DVD “Ela Não É Você”, lançado pela dupla em 2017.

“Foi o primeiro que eu produzi e foi o primeiro da região que a gente fez. Sem recurso financeiro nenhum, fizemos um DVD de muita qualidade, fizemos uma grande produção para o cenário nacional.”

A última música da dupla com produção de Leonel foi "Fica", em 2020.

Leonel afirma que Kleber sempre ia direto ao ponto e tinha posições firmes em todos os aspectos da carreira e da vida pessoal.

“Ele era um cara muito sistemático, muito papo reto. Não mandava recado, chegava e falava. O coração não cabia dentro dele, eu nunca vi um ser humano tão incrível igual esse cara. Amigo, parceiro. A gente tem muita história, de coisas vitoriosas até episódios de não ter dinheiro para comprar o que precisava na hora. Gostava das coisas do jeito dele, sabia ouvir, mas gostava de deixar a opinião dele se sobressair. A gente se respeitava muito.”

O produtor diz que além da amizade, o sentimento pela vida de Kleber é de gratidão.

 

“Meu trabalho cresceu muito depois que a gente resolveu, em uma madrugada, fazer um DVD, sem saber de onde a gente tirava dinheiro para pagar todos os custos. O que eu vou levar e quero recordar para sempre é a amizade linda que a gente construiu. Eu o vi crescer muito como artista e vice-versa. Eu quero levar esse carinho, esse amor que a gente sempre teve um com outro, por tudo.”

 

O corpo de Kleber Oliveira vai ser enterrado em Araraquara na tarde desta terça-feira (6).

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