Suspeito de 'descartar' corpos de tio e sobrinho mortos após furtarem carne em supermercado de Salvador é preso em operação
Bahia
Publicado em 30/06/2021

Um homem foi detido por mandado de prisão na 2ª fase da Operação Retomada, que investiga as mortes de Bruno e Yan Barros, tio e sobrinho que furtaram carnes no supermercado Atakarejo, em Salvador. O suspeito foi encontrado no Nordeste de Amaralina, nesta quarta-feira (30).

 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), ele foi o responsável por "descartar" os corpos, no dia 26 de abril deste ano. Além disso, o homem também é suspeito de traficar drogas na região do Nordeste.

O suspeito ainda não teve identidade divulgada pela polícia. Depois de torturados e assassinados, os corpos de Bruno e Yan Barros foram colocados no porta-malas de um carro. O veículo abandonado na localidade da Polêmica.

A SSP detalhou ainda que o carro havia sido roubado cinco dias antes de ser localizado e estava com uma placa clonada.

 

Mortes de Bruno e Yan Barros

 

Na noite de 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.

Um dia depois, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo, após furtar carne no estabelecimento.

Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem alega ter feito.

Apesar do crime ter acontecido no dia 26 de abril, o supermercado Atacadão Atakarejo só afastou os seguranças envolvidos no caso 11 dias depois, no dia 6 de maio. Imagens gravadas por um celular flagraram um dos seguranças do Atakarejo agredindo Yan.

No vídeo é possível ver que o segurança deu um mata-leão no jovem. Nas imagens gravadas, Yan pede o tempo inteiro para sair e grita "não" repetidamente. Depois disso, ele acaba caindo no chão e parece chorar. Também é possível ver no vídeo que ao menos seis pessoas assistem à cena sem fazer nada.

Em uma coletiva de imprensa sobre o caso, no dia 10 de maio, o secretário de Segurança Pública, Ricardo César Mandarino, criticou a postura dos seguranças do Atakarejo e chamou a atenção para o fato de que nenhum deles acionou a polícia.

"Eles dizem que fizeram ocorrência administrativa, mas em nenhum momento foi registrado oficialmente. Os seguranças não têm poder de polícia, eles podem fazer ocorrência interna para empregados, não podem tomar providência de crimes", disse o secretário.

 

"Eles tinham o dever de comunicar à polícia sobre o caso e não fizeram. O supermercado tem obrigação de orientar seus funcionários. E, se contrata empresa para segurança, tem obrigação de saber que empresa é essa, que tipo de atitudes essa empresa toma e tem a obrigação de coibir abusos", destacou o secretário.

 

 

Presos pelo crime

 

No dia 10 de maio, quando o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) iniciou a 1ª fase da Operação Retomada, oito pessoas, entre seguranças e traficantes, foram presas.

Três delas são funcionários do Atakarejo e outras cinco são suspeitos de tráfico de drogas e de envolvimento no crime. O prazo de 30 dias da prisão temporária dos suspeitos expirou no dia 9 de junho e foi prorrogado pela Justiça.

Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina. Celulares dos envolvidos foram apreendidos e analisados.

Filmagens de câmeras de segurança foram parcialmente encontradas, e a polícia investiga se parte do material, que não foi registrado, foi apagada.

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