Ele estava internado em Belo Horizonte e não tinha comorbidades.
Quase dois meses depois de perder o companheiro, Sélvia se apega à rotina para conseguir "continuar vivendo".
No dia 12 de fevereiro, enquanto João estava internado na UPA Pampulha, ela mandou mensagem para ele falando que iam se casar "quando isso tudo passar". Só que não passou.
No dia 18 de fevereiro, às 20h17, Sélvia recebeu a ligação com a notícia da morte do namorado.
O casal se conheceu há quatro anos, em um festival de jazz, um dia antes do dia dos namorados. Desde aquele dia, decidiram que não iriam mais se separar. Em agosto de 2020, eles decidiram morar juntos. Ele era músico e estava finalizando o trabalho de conclusão de curso (TCC) de geografia. A formatura seria neste ano.
Além disso, João Henrique tinha sido aprovado em um concurso para ser professor e só estava esperando ser chamado.
João estava fazendo o TCC e, por isso, passava a maior parte do tempo em casa, escrevendo. Segundo Sélvia, ele só saía para ir ao supermercado ou lotérica. Até o passeio com o cachorro do casal foi evitado.
No dia 23 de janeiro, o namorado contou que estava com sintomas da doença. Em casa, eles optaram por usar quarto e banheiro separados. Os sintomas pioraram.
“Ele perdeu o apetite. Não sentia mais o cheiro nem o gosto das coisas. Preocupados, fomos à UPA Pampulha. Ele foi medicado e pediram que, se o estado de saúde piorasse, a gente voltasse”.
E foi o que aconteceu. João começou a sentir falta de ar e retornou para a UPA no dia 30 de janeiro. Logo, foi levado para a enfermaria, onde ficou por 11 dias, antes de ser intubado.
“A Covid veio e destruiu todos os sonhos. Ela não observou que a gente tinha muita coisa para viver, não observou que tomávamos cuidado. Ela veio e destruiu tudo. Por respeito, eu peço: obedeçam aos protocolos de saúde. Vou continuar forte. Como João dizia, o tempo resolve tudo e o amor, também", disse Sélvia.