Vítima no corredor
Ainda no sábado, no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), um homem de 45 anos morreu e o corpo dele ficou no corredor pelo menos por 24 horas, também segundo denúncia recebida pela reportagem.
O cadáver não havia sido preparado conforme o protocolo de manuseio de vítimas da Covid-19 e, por isso, houve demora para a remoção por parte do sistema funerário. Imagens da unidade mostram que o cadáver está enrolado em um pano e com secreção à mostra.
A reportagem questionou a Secretaria de Saúde sobre esse caso, porém, não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Tânia Batista, presidente da Associação das Funerárias do Distrito Federal, (Asfun-DF), disse que denúncias sobre hospitais que agem de forma errada no manuseio de cadáveres são constantes. "Corpos são colocados nos corredores, sem serem identificados e fora do invólucro próprio para armazenamento", comentou.
"É muito triste que isso aconteça, mas é um fato, é real e já estamos tendo esses alertas. Recebemos imagens muito fortes", disse.
Tânia cobra que os protocolos devem ser seguidos e diz que qualquer descuido é uma "falta de responsabilidade". "Nossos agentes estão trabalhando de forma muito precária", lamentou.
No Distrito Federal, 96,33% do sistema de saúde público está comprometido, segundo levantamento da Secretaria de Saúde divulgado às 8h10 desta segunda-feira (22). De acordo com o relatório, restam 12 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para tratar pacientes com a Covid-19.
Das vagas disponíveis, apenas cinco são para adultos. Ao todo, há 409 leitos. Desses, 367 estão ocupados, 21 aguardando liberação e nove bloqueados. Além disso, há 400 pessoas na lista de espera por uma vaga em UTI, sendo que 309 estavam com suspeita ou confirmação da Covid-19.
Na rede privada, também há sobrecarga. Dos 432 leitos de UTI, 395 estavam ocupados às 7h10 desta segunda. Restam 36 vagas, sendo 35 para adultos.
No dia 9 de março, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou estado de calamidade pública na área de saúde do Distrito Federal. A medida vale "enquanto perdurar os efeitos da pandemia do novo coronavírus".
O documento publicado no Diário Oficial cita o "risco iminente de superlotação das UTIs [Unidades de Terapia Intensiva] e unidades hospitalares na fase aguda da pandemia".
Com a declaração de estado de calamidade pública na saúde, o governo do DF não terá que seguir à risca as metas fiscais previstas nas regras orçamentárias de 2021. Além disso, o DF poderá receber repasses da União e realizar contratos sem licitação.