Secretário da Saúde de SP admite que estado pode ter 800 mortes diárias por Covid-19
19/03/2021 10:22 em Brasil

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, admitiu nesta sexta-feira (19) que o estado pode chegar a 800 mortes diárias por Covid-19.

A declaração foi dada após ser questionado sobre reportagem veiculada pela Folha de S. Paulo, de que as projeções internas do governo paulista apontam que o estado deverá atingir 750 e 800 óbitos diários pela doença nos próximos dias.

"Essa projeção é possível, uma vez que por mais que nós estejamos aumentando o número de leitos, assistência a vida, se não houver o apoio das pessoas no sentido de evitar a sua circulação, e essa fase emergencial visa exatamente diminuir a mobilidade das pessoas, é óbvio que junto com as pessoas que circulam, circulam com elas os vírus. E dessa forma mais pessoas doente que acabam indo de forma grave para as unidades de saúde. Importante lembrar que é uma doença grave, 40% dessas pessoas infelizmente morrem nas unidades de terapia intensiva", afirmou.

O secretário esteve nesta manhã na sede do Instituto Butantan ao lado do governador João Doria (PSDB) e do diretor do Instituto, Dimas Covas, para acompanhar o envio de mais 2 milhões de doses da vacina CoronaVac ao Ministério da Saúde.

Na ocasião, Doria fez críticas ao prefeito Bruno Covas, que decidiu antecipar cinco feriados municipais para tentar frear o avanço da doença no município.

 

Recordes

 

Na terça-feira, o estado de São Paulo registrou 679 novas mortes provocadas pela Covid-19 nesta terça-feira (16), o recorde em 24 horas desde o início da pandemia. O número equivale a uma nova morte confirmada a cada 2 minutos e 6 segundos.

Nesta quinta (18) média móvel diária de 453 mortes pela Covid-19, batendo recorde de maior valor desde o início da epidemia pelo 13º dia seguido.

O indicador é 64% maior do que o registrado há 14 dias, o que para especialistas indica forte tendência de alta.

Movimentação de profissionais de saúde para atender pacientes com Covid-19 no Pronto Atendimento São Mateus, zona leste de São Paulo (SP), nesta quinta-feira (18), onde um jovem de 22 anos morreu à espera de um leito de UTI — Foto: JOHNNY MORAIS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Movimentação de profissionais de saúde para atender pacientes com Covid-19 no Pronto Atendimento São Mateus, zona leste de São Paulo (SP), nesta quinta-feira (18), onde um jovem de 22 anos morreu à espera de um leito de UTI — Foto: JOHNNY MORAIS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

 

Hospitais em colapso

 

A ocupação geral de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas redes pública e privada está em 90,6% no estado e em 91% na Grande São Paulo nesta quinta.

O número total de pacientes internados no estado é de 26.941, sendo 11.410 em UTIs e 15.531 em enfermaria. Esse valor é 73% maior que o total de pacientes internados no dia 27 de fevereiro, quando o estado bateu o recorde de pacientes internados pela primeira vez.

Especialistas alertam para o colapso do sistema, já que a capacidade de criação de leitos, especialmente de UTI, é limitada.

Nesta quinta-feira um jovem de 22 anos morreu à espera de um leito de UTI na capital paulista. "Não deu tempo por falta de socorro. Por falta de oxigênio, o meu filho não está aqui", disse a mãe de Renan Ribeiro Cardoso, que morreu no Pronto Atendimento de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista.

O colapso da saúde também atinge a rede particular da capital. Nesta terça, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, disse que os hospitais privados estão solicitando leitos do SUS porque não conseguem atender a demanda.

A fila por leitos de Covid-19 passou de 395 pessoas para 475 nesta quinta-feira na cidade de São Paulo, e a prefeitura anunciou que vai abrir novos leitos em "hospitais de catástrofe", exclusivamente para pacientes de Covid-19.

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