A técnica de enfermagem, Rozemary Gomes Pita, de 42 anos, indiciada por peculato e crime contra a saúde pública por não ter aplicado a vacina contra Covid-19 em um idoso em Niterói, na Região Metropolitana, disse em depoimento à Polícia Civil que estava “extremamente cansada e estressada”.
Após a conclusão do inquérito, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a técnica de enfermagem “foi desligada do quadro de funcionários do órgão”.
O delegado titular da 76ª Delegacia, Luiz Henrique Marques Pereira, afirmou ao G1 que o inquérito já foi finalizado e encaminhado à Justiça. A técnica de enfermagem foi indiciada pelo crime de peculato na modalidade de desvio e pelo crime contra a saúde pública, artigo 268 do Código Penal.
“Ela disse que não sabia explicar por que fez aquilo, que em 10 anos de profissão ela nunca tinha cometido tal deslize e não conseguiu explicar as razões de não ter aplicado o êmbolo. Inicialmente, ela alegou que estava estressada e extremamente cansada. Mas é muito difícil explicar o inexplicável”, disse o delegado.
O crime de peculato pode chegar até 12 anos de prisão, segundo a polícia.
Imagens registraram falsa vacinação
Rozemary aparece em um vídeo no posto drive-thru do bairro do Gragoatá fazendo a imunização da população. As imagens foram gravadas pela família do idoso e compartilhada em redes sociais.
Segundo o delegado, a gravação foi fundamental para a conclusão do caso. Após a ocorrência, o idoso foi procurado pelas autoridades de saúde e imunizado.
“Fica claro que ela não aperta o êmbolo, fica claro que ela não estava estressada. E mais, quando questionada se apertou a seringa de forma correta, ela responde de forma irônica. O que demonstra que ela tinha plena consciência do que estava fazendo”.
A funcionária já tinha sido afastada das funções assim que o caso foi divulgado. A secretaria reforçou a orientação dos protocolos de aplicação da vacina com os funcionários e supervisores dos pontos de vacinação.
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren-RJ) recebeu a denúncia contra a profissional e abriu um procedimento para “averiguar se houve ocorrência de negligência, imperícia ou imprudência, e irregular conduta ética”.
Ainda de acordo com o conselho, a técnica e a enfermeira responsável serão convocadas, para prestar depoimento à Comissão de Ética do órgão. Segundo o Coren, ela pode ser punida com a suspensão ou a cassação do registro profissional.
O G1 tentou um contato com a funcionária, mas não recebeu retorno.
Outros casos pelo país são investigados
Além do caso registrado em Niterói, outros ocorreram em: Goiânia, Maceió, Rio de Janeiro e São Paulo. O Jornal Nacional mostrou denúncias de aplicação incorreta da vacina contra Covid. Os conselhos de enfermagem, o Ministério Público e a polícia estão investigando os profissionais de saúde envolvidos.
As autoridades de saúde consideram as vacinas fake fatos isolados, mas já viraram caso de polícia. Vídeos que registram a hora da vacinação servem de prova das irregularidades para a investigação.