Segundo o delegado, o pedido de prisão temporária foi feito para viabilizar as investigações. "Só esclarecer aqui a prisão temporária não aponta, não acusa ninguém. É uma prisão processual, um instrumento jurídico para viabilizar a continuidade das investigações. Este foi o motivo em razão de algumas contradições que nós constatamos ao longo do dia", afirmou Jordão.
Entre as respostas que a polícia procura está o motivo para o quarto das crianças, que tinha grade nas janelas, estar trancado.
"O bebê não era comum dormir nesse quarto. São algumas versões, contradições que ao longo do dia estamos checando. O quarto estava trancado, outro fato que temos que esclarecer, quem trancou e por que estava trancado?", pontuou Jordão.
Outra contradição é que Ricardo afirmou em depoimento ter ido até a janela, pelo lado de fora, após ter percebido o incêndio, mas que os filhos não estavam no quarto. Mas no momento do incêndio, ele foi até a delegacia, que fica a poucos metros da casa, pedir ajuda para arrombar a porta e dizendo que os filhos estavam lá.
"Ele veio pedir socorro na delegacia, porque as crianças estavam trancadas lá e ele não conseguia arrombar a porta. O policial civil foi até a casa e arrombou a porta. Em razão das chamas, não conseguiu avançar até o quarto, ingressar no quarto", disse o delegado.
Durante a tarde, a Polícia Científica e a Defesa Civil estiveram no local. Oito testemunhas foram ouvidas até o momento entre familiares, vizinhos e policiais que atenderam a ocorrência. Ainda não se sabe a causa do incêndio. No final da tarde de quarta foi encontrado um celular no cômodo, que foi apreendido.
O outro pai, Leandro José Reis de Farias e Vieira, que mora em Mogi das Cruzes, chegou ao local pela manhã e ficou desolado com o que encontrou. Familiares diziam que as crianças eram muito amadas pelos dois pais.
Segundo Maria de Lourdes Reis, tia das crianças, eles recebiam muito carinho dos pais.
"Eles dois amavam as crianças. As crianças eram tudo pra eles. A gente não sabe o que aconteceu", disse Lourdes.
Gabriel e Fernanda foram adotados em 2014 pelo ex-casal Ricardo e Leandro. Em 2019, eles também adotaram um bebê.O delegado também ouviu informações positivas sobre a relação dos dois com os filhos. "Sempre foram exemplo de família. As crianças, educação ímpar. Sempre bem tratadas, criadas. Essas informações que a gente tem, não [são] só de hoje. Os relatos são os melhores possíveis".
Em 2019, a família chegou a dar entrevista à TV Diário para falar da adoção de crianças por casais homoafetivos. Na época, a filha mais velha expressou sua felicidade com os pais. "Não tem família certa ou errada. O importante é o amor", disse a menina.