Menina baleada na porta de casa em Niterói segurava boneca quando foi atingida; 'É o sangue dela', diz mãe
03/02/2021 16:20 em Brasil

A mãe da menina Ana Clara Machado, de 5 anos, morta após ser baleada na porta de casa enquanto brincava, contou que a filha segurava a boneca preferida — uma Mônica Baby — quando foi atingida.

Nesta quarta-feira (3), Cristiane Gomes Silva estava na Delegacia de Homicídios de Niterói com a boneca da filha nas mãos.

 

“Estava com ela, é o sangue dela. Minha filha tinha acabado de acordar. Ela acordou, chegou na porta, assim que ela viu a luz do dia, ela tomou um tiro. Só deu tempo de ela dormir à noite e acordar... só deu para ela acordar e dormiu agora eternamente”, disse a mãe.

De acordo com a família, a menina foi atingida duas vezes pelos disparos. O irmão mais novo, de 2 anos, estava junto com ela e viu tudo.

A Polícia Civil informou que a criança foi atingida durante uma operação de PMs do Patrulhamento Tático-Móvel do Largo da Batalha, na comunidade Monan Pequeno, no bairro de Pendotiba, em Niterói, Região Metropolitana do Rio.

Parentes da vítima afirmam que o militares só socorreram Ana Clara depois de muita insistência. Além disso, segundo a mãe, um dos policiais teria dito para outro PM “você fez besteira” ao ver a menina baleada.

A Polícia Militar disse que uma equipe fazia patrulhamento pela Estrada do Monan Pequeno quando suspeitos atiraram contra os policiais e os PMs reagiram. Em seguida, a equipe de patrulhamento viu pessoas pedindo socorro para uma criança ferida.

“Ela morreu no meu colo, dentro da viatura. Quando ela chegou no hospital, ela já estava em parada cardíaca, o coração não batia mais. Porque o policial ficou pensando se ia pegar ela ou não. Minha filha caída, baleada no chão, eu gritava "Pega minha filha, salva minha filha!", e ele não sabia o que fazer, narrou a mãe.

"Teve uma hora que ele pegou ela e saiu, com ela pendurada, pra não encostar na farda dele, pra não sujar a farda dele de sangue”, contou Cristiane Silva.

Policial é preso

 

Um cabo da Polícia Militar, suspeito de ter feito o disparo que atingiu Ana Clara, foi preso por homicídio doloso, com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. A identidade dele não foi divulgada.

Segundo o delegado responsável pela investigação, o policial não confessou o disparo, mas o depoimento foi contraditório. As armas dos PMs que participaram da ação foram apreendidas.

“Não teve correria, não teve gente correndo, não teve troca de tiros, como eles alegam que teve (...) Ele vai voltar para casa, ele vai ver o filho dele, ele vai ver a mulher dele, ele vai ver os netos dele, ele vai ter a família dele. E a minha? E a minha filha, volta?”, disse Cristiane sobre o policial que realizou o disparo.

Entre 2007 e 2021, de acordo com a ONG Rio de Paz, 80 crianças morreram baleadas no Estado do RJ. O enterro de Ana Clara foi marcado para tarde desta quarta-feira (3).

 

 
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