O pedido de uso emergencial da vacina de Oxford foi apresentado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que é ligada ao Ministério da Saúde. Esse pedido se refere a 2 milhões de doses a serem importadas do laboratório Serum, da Índia, que produz a vacina desenvolvida pela universidade do Reino Unido e pelo laboratório AstraZeneca.
Essas doses, entretanto, ainda não estão no Brasil. Na semana passada, o governo federal chegou a anunciar que enviaria um avião à Índia para trazer as doses, mas cancelou o voo depois que fracassaram as negociações com o governo indiano, que se recusa a liberar o carregamento.
Ainda não há previsão de quando as doses da vacina de Oxford devem chegar ao Brasil.
Ainda no domingo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já havia criticado Doria e dito que a aplicação da primeira dose pelo governo de São Paulo foi "em desacordo com a lei" por acontecer antes do previsto pelo Plano Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde. Dória respondeu dizendo que o ministro da Saúde "deveria estar grato à Anvisa e a São Paulo" pela vacina.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também comentou nesta segunda a mudança de postura do presidente Jair Bolsonaro sobre a CoronaVac. Ele lembrou que Bolsonaro dizia que o governo federal não iria comprar a vacina.
"O presidente da República disse várias vezes que não compraria a vacina chinesa, que quem manda era ele, mas na hora da verdade a coragem não é tão grande, não é isso? É corajoso até o uma parte da história", afirmou Maia em uma coletiva de imprensa na Câmara.
Apesar de dizer que o governo vai comprar mais doses da CoronaVac se elas estiverem disponíveis, Bolsonaro, na conversa com apoiadores nesta segunda, voltou a pôr em dúvida a eficácia da vacina que, segundo a Anvisa, é de 50,4%.
Bolsonaro disse aos apoiadores que "essa vacina que tá aí é 50% de eficácia, ou seja, jogar uma moedinha para cima". Essa interpretação dos resultados da vacina, entretanto, é equivocada.
"É errada a interpretação de que uma vacina com 50% de eficácia gera anticorpos apenas em metade dos vacinados. O correto é que os vacinados têm metade do risco de desenvolver a doença em comparação aos não vacinados. No caso da CoronaVac, apenas 1,8% dos vacinados contraíram o vírus", explica o epidemiologista Pedro Hallal.
No domingo (17), durante a reunião em que a Anvisa aprovou o uso emergencial das vacinas, a relatora do processo, diretora Meiruze Freitas, afirmou que a agência "concluiu que os benefícios conhecidos e potenciais dessas vacinas superam seus riscos."