Campanha publicitária de US$ 50 milhões tenta converter americanos céticos sobre vacinas contra o vírus.
25/11/2020 09:04 em Brasil

Com o aumento dos casos de coronavírus, um esforço de marketing está em andamento para persuadir os americanos céticos a se imunizarem assim que as vacinas estiverem prontas. O governo federal americano, que enviou mensagens contraditórias sobre uma pandemia que causou mais de 250 mil mortes nos Estados Unidos, não está liderando o ataque. Em vez disso, o setor privado está apoiando uma campanha orçada em US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) para persuadir as pessoas a se protegerem em um momento em que as pesquisas sugerem que mais de 40% dos americanos adultos não estão confiantes em uma potencial vacina. O Ad Council, grupo de publicidade sem fins lucrativos, liderou um esforço semelhante na década de 1950, quando instou os americanos a se vacinarem contra a pólio. Seu impulso de vacinação contra a Covid-19 será uma das maiores cruzadas de educação pública da História, segundo o grupo. A Casa Branca colaborou com o Ad Council em esforços anteriores de saúde pública, mas não está atualmente envolvida neste.

 

Apenas um terço dos americanos pretende se vacinar.

O presidente eleito, Joe Biden, culpou o presidente Trump por causar ansiedade sobre a segurança de possíveis esforços de imunização. O sentimento anti-vacinas vem crescendo há décadas, impulsionado em parte por uma reação contra as empresas farmacêuticas. Entre os americanos adultos, 58% disseram estar dispostos a tomar uma vacina contra o coronavírus, de acordo com uma pesquisa Gallup conduzida entre 19 de outubro e 1º de novembro. Outro levantamento, conduzido no mês passado pela Ipsos e pelo Fórum Econômico Mundial, descobriu que 85% dos adultos chineses, 79% dos adultos britânicos e 76% dos adultos canadenses planejavam ser vacinados, em comparação com 64% dos americanos. O Ad Council se juntou a uma coalizão de especialistas conhecida como Covid Collaborative, que concluiu por meio de sua própria pesquisa que apenas um terço dos americanos planeja se vacinar. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia realizaram um estudo durante um surto de sarampo no ano passado e concluíram que “um número relativamente alto de indivíduos está pelo menos um pouco mal informado sobre as vacinas”, muitas vezes expressando crenças equivocadas sobre a associação dos tratamentos com autismo e toxinas. Os pesquisadores também encontraram uma correlação entre a crença na desinformação sobre as vacinas e a baixa confiança nas autoridades médicas, bem como a exposição a material sobre vacinas nas redes sociais. Uma pesquisa da Covid Collaborative sugere que menos de 20% dos negros americanos acreditam que uma vacina será segura ou eficaz. Muitos entrevistados afirmaram ter pouca fé na capacidade do governo de cuidar de seus interesses ou citaram desconfiança decorrente de violações éticas anteriores, como o infame estudo Tuskegee, que rastreou homens negros infectados com sífilis, mas não os tratou. “Nessas comunidades altamente vulneráveis que são desproporcionalmente afetadas pela Covid, é preciso fazer um grande exercício de construção de confiança”, disse John Bridgeland, um dos fundadores e executivo-chefe da Covid Collaborative. “Eles confiam em seus médicos, farmacêuticos e, portanto, temos de encontrar mensageiros de confiança nos locais onde moram.” Bridgeland disse que trabalhar para derrotar o vírus é “historicamente um grande momento” que exige superar “nossas divisões políticas e as dificuldades que minaram a confiança em nosso governo”. “Nosso trabalho como país é aumentar a aceitação da vacina para que os americanos estejam realmente engajados em sua própria recuperação”, afirmou ele.*G1 Foto: AMANDA PEROBELLI / Reuters

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