Governo federal não liberou verba para vacina chinesa em SP e só investiu na de Oxford, diz secretário.
15/10/2020 08:31 em Brasil

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, confirmou na noite desta quarta-feira (14) que o governo federal não liberou dinheiro para a compra da vacina CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. A gestão João Doria tenta negociar para que a CoronaVac receba verba federal para ser distribuída pelo SUS, caso seja comprovada a eficácia na terceira fase de testes. Em entrevista ao G1, o secretário disse que a compra de doses adicionais, além das 61 milhões já garantidas pelo governo estadual, será "inviável" sem esses recursos. Em reunião virtual realizada na tarde desta quarta, o Ministério da Saúde apresentou um cronograma de vacinação da população contra o coronavírus para 2021. Segundo Gorinchteyn, que participou do encontro junto com outros secretários estaduais, o governo federal só considerou a compra da vacina da AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford. O G1 procurou o Ministério da Saúde e aguarda posicionamento. "Por que que uma vacina como a CoronaVac, que está no mesmo pé da de Oxford, aliás está até mais adiantada, está recebendo uma tratativa diferente? Esse foi um questionamento que a gente acabou fazendo e todos os secretários entenderam. Se eu tenho vacinas que estão no mesmo estágio de discussão, por que a de Oxford recebe uma medida provisória com R$ 1,9 bilhão? A gente nem está pedindo esse valor, mas a gente quer um aceno do ministério na aquisição também das vacinas. Isso é algo democrático", disse o secretário ao G1. Em estimativas divulgadas anteriormente, o governo de São Paulo disse que negociava com o Ministério da Saúde o mesmo investimento de cerca de R$ 1,9 bilhão para a CoronaVac. Como reafirmou o secretário nesta quarta, R$ 85 milhões iriam para o estudo clínico e outros R$ 60 milhões para reforma da fábrica no Instituto Butantan. O valor restante possibilitaria que a oferta de vacinas chegasse a 100 milhões de doses até maio de 2021. Desse total, o secretário afirma que o governo "acenou" com R$ 92 milhões, mas a verba ainda não foi liberada. "Eram [seriam] R$ 85 milhões do estudo, mais R$ 65 milhões da ampliação da fábrica, totalizando R$ 145 milhões. E aí foi feito um aceno de R$ 80 milhões e depois foram enviados, está em avaliação nas câmaras técnicas, um valor de R$ 92 milhões", afirmou. O governo de São Paulo assinou um contrato com os chineses para receber 46 milhões de doses da CoronaVac até dezembro. A previsão é que o total chegue a 60 milhões até fevereiro de 2021 e a expectativa era que, com o dinheiro do governo federal, o total pudesse chegar a 100 milhões. O secretário disse que o governo ainda negocia para que o dinheiro seja liberado e que Doria deve ir a Brasília conversar diretamente com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "A gente vai receber esses 60 milhões, serão 61 milhões de doses até o final de fevereiro, com uma possibilidade de termos mais 40 milhões até maio. Essas 61 milhões de doses estão garantidas. As demais, para que chegue a 100 milhões, é que se tornou inviável a aquisição pelo Butantan, por uma questão econômica", explicou. Questionado sobre o que o estado pretende fazer caso o governo federal mantenha a posição de não comprar doses da CoronaVac, Gorinchteyn disse que há um plano para que a imunização seja feita em âmbito estadual. "Nós temos um plano de imunização para o estado, se isso acontecer. Mas eu reforço, não é isso o que nós queremos. Nós queremos que a vacina seja do Brasil, e não de São Paulo. Nós gostaríamos de estender essa vacina para brasileiros e gostaríamos de colocá-la pelo Sistema Único de Saúde para ser distribuída no programa nacional de imunização", afirmou.*G1— Foto: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

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