Como forma de ajudar desempregados durante a pandemia da Covid, um morador de Porto Alegre tomou a iniciativa de recolher e distribuir currículos de pessoas que procuram um trabalho. Carlos D'Avila, o "Kaká", de 38 anos, já recolheu mais de 2.000 currículos. Além de ir até a casa das pessoas, ele também recebe via e-mail e pelas redes sociais. Ele é servidor público e trabalha na área administrativa da prefeitura da capital gaúcha.

"Eu já estou com esse trabalho há alguns anos para ajudar quem está procurando emprego. Além de entregar os currículos, busco orientar as pessoas com algumas dicas sobre como se comportar em uma entrevista e como elaborar um bom currículo, sempre de forma gratuita", diz ele. Kaká recolhe, distribui os currículos aleatoriamente em bares, lanchonetes, lojas e agências de emprego. Ele mantém contato com os desempregados para encaminhar vagas em grupos de um aplicativo de mensagens. O delivery, conta Kaká, já ajudou a recolocar 38 pessoas no mercado até o momento. O trajeto é quase sempre feito a pé, em alguma ocasiões por conta da distância ele usa transporte público para ir até o centro da cidade. "Faço esse trabalho voluntário sempre que possível. Antes do trabalho, na ida, na volta, durante o intervalo e em fins de semana. Recebo muitos currículos, então não posso parar. Minha meta é entregar todos". "Já fiquei mais de 2 anos desempregado, eu sei como é complicado passar por essa situação. Hoje faço pelas pessoas aquilo que eu não tive. Sei o quanto faz falta essa orientação e uma ajuda, principalmente quando a pessoa não tem condições de se locomover", afirma Kaká. Além do delivery, Kaká também mantinha a "geladeira do desemprego", uma iniciativa onde ele distribuía alimentos e roupas - e as pessoas poderiam deixar currículos no local. "As agências de empregos iam até a geladeira e recolhiam os currículos. Cerca de 500 pessoas conseguiram um emprego", relata. Por conta da pandemia do novo coronavírus no Brasil, Kaká retirou a geladeira das ruas para evitar aglomerações.

"Quando você está desempregado, faz muita falta não ter um apoio, um suporte. Me sinto muito realizado em poder ajudar as pessoas e saber que elas podem ter a possibilidade de voltar a trabalhar, voltar a ter uma renda. Isso é o que me faz feliz, o que me motiva".*G1 — Foto: Arquivo pessoal