Por medo de pegar Covid-19, grávida se nega a deixar Noronha para parto e é levada pela polícia a aeroporto.
11/05/2020 09:00 em Brasil

A empresária Alyne Dias Luna, de 30 anos, foi levada ao Aeroporto de Fernando de Noronha pela polícia, neste domingo (10), após se negar a deixar a ilha para o parto, por causa do medo de pegar Covid-19. Segundo a Administração, o protocolo médico de pré-natal determina que mulheres a partir da 28ª semana de gestação devem ir para o Recife e Alyne está na 34ª semana de gravidez. A grávida alegou que temia ter a filha no continente por causa do novo coronavírus. “Eu sou uma gestante de baixo risco. Prefiro ter 1% de chance de ter uma cesárea do que ter 99% de chance de me contaminar no continente”, disse Alyne Luna. Fernando de Noronha registrou 28 casos de Covid-19 e todos os pacientes receberam cura clínica. O governo informou, por meio de nota, que a gestante recebeu informações das equipes médicas da ilha quanto aos riscos para a saúde dela e do feto, em decorrência da permanência em Noronha, após a 28ª semana de gestação.

A nota disse ainda que "o Hospital São Lucas, única unidade hospitalar de Fernando de Noronha, não dispõe de maternidade, bem como se enquadra em unidade de assistência de média complexidade, não sendo referência no atendimento de possíveis intercorrências que venham a ocorrer durante o parto, pois não dispõe dos aparatos necessários para esse tipo de atendimento." Alyne Luna se negou a viajar mesmo com duas determinações judiciais para que deixasse Noronha. “A gestante descumpriu duas decisões judiciais determinando o encaminhamento imediato ao Recife, sob pena de remoção compulsória e coercitiva”, explicou a Administração de Noronha, na nota. A grávida fugiu para não ser conduzida ao aeroporto. “Eu fiquei apavorada. Meu marido deu um vacilo e eu fugi, para não viajar. E fugiria novamente. Meu advogado me aconselhou e eu me apresentei espontaneamente à delegacia”, contou Alyne .

A determinação era que Alyne Luna deixasse Noronha no sábado (9), porque, em função da pandemia do novo coronavírus, a ilha só recebe voos comerciais uma vez por semana, aos sábados. Como a gestante só se apresentou neste domingo, o governo do estado alugou um avião para o transporte da grávida. “Acho um absurdo, estou sendo tratada como uma criminosa  e eu não sou. Eu sou uma gestante e mereço respeito. Sou uma mulher e uma futura mãe. Ainda alugaram um avião de salvamento. Estou em plena saúde. A locação da aeronave foi feita para acatar um capricho”, desabafou a gestante. O governo de Pernambuco informou que a Administração de Fernando de Noronha garante assistência às gestantes encaminhadas ao continente. Oferece hospedagem, passagens aéreas e alimentação. Segundo o estado, são oferecidos, ainda, assistência social, apoio psicológico e suporte para a unidade de referência onde ocorrerá o parto.

Com acompanhamento das Polícias Civil e Militar e ainda equipe da Superintendência de Saúde da Administração do Distrito , Alyne Dias Luna foi transferida para o Recife, no fim da tarde.*G1— Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

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