A costureira Vanessa Moreira, 30, viu a filha Layla Vitória completar três meses por meio de um tablet no último dia 28. Uma semana depois, nesta terça (5), elas se reencontraram - momento foi registrado em vídeo por uma psicóloga e uma assistente social. "Vai dormir no seu bercinho, né, amor? Dá tchau para a titia porque nós vamos para casa", disse a mãe à sua menina. Layla nasceu com uma má-formação no intestino e estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza (CE) desde o nascimento em 28 de janeiro de 2020. Ela enfrentou cinco cirurgias e seis infecções. O último contato com a mãe havia sido em 22 de março. Desde então, a unidade passou a controlar as visitas por conta da pandemia do coronavírus e adotou as videochamadas para que familiares pudessem acompanhar os bebês. "Quando cheguei e vi minha filha depois de mais de um mês, comecei a chorar só de olhar para ela. Meu coração disparou. É um reencontro, aquela saudade, a vontade de estar perto", disse Vanessa a ÉPOCA. "Foi o melhor presente de Dia das Mães". Após tanta espera, Vanessa deixou a maternidade emocionada e sob aplausos dos funcionários. Ainda no corredor, ela agradeceu aos profissionais pelos cuidados com Layla. "Eu queria só agradecer a todos aqui que de alguma forma acabaram sendo da minha família, por deixar a família de vocês em casa com esse risco todo e estar aqui cuidando dos nossos pequenos. Só Deus sabe quantas vezes eu chorei em cima daquela incubadora pensando que minha filha não ia resistir. Mas, graças a Deus e a vocês, deu tudo certo. Muito obrigada", concluiu. Vanessa foi uma das primeiras a experimentar as videochamadas iniciadas no período de pandemia. Embora não proibisse as visitas presenciais, a maternidade orientou o distanciamento a quem pudesse, para evitar a exposição dos bebês. A medida, de acordo com a unidade, segue as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) de redução do fluxo de pessoas. As videochamadas foram uma solução para fortalecer o vínculo materno, como preconiza política do Ministério da Saúde conhecida como Método Canguru. Ele incentiva que mães e filhos recém-nascidos fiquem juntos o máximo possível com o intuito de reduzir riscos de infecção hospitalar e estresse. Uma nota técnica do ministério, em abril, incluiu as gestantes em grupo de risco do coronavírus e elencou cuidados como uso de equipamentos de proteção durante contato com os bebês. "Eu passava o dia inteiro na UTI com minha filha e chorei muito quando soube que não era mais recomendado ficar. Mas entendi que é para o bem dela", disse a costureira, que visitava a filha todos os dias na maternidade. Mesmo se cuidando, ela decidiu acatar a orientação por compreender o risco e sobretudo para dar exemplo a outras mães. "Se uma pode ir, por que as outras não iriam poder? Então, era melhor não ir nenhuma, até porque existem pessoas assintomáticas. Pode acabar passando para uma enfermeira e contaminar o bebê. Isso me confortou um pouco", contou.*G1Foto: Reprodução