Por causa da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), escolas suspenderam as aulas presenciais e passaram a buscar formas alternativas de manter o processo de ensino-aprendizagem durante a quarentena: usam principalmente aplicativos e plataformas on-line. A estratégia adotada, no entanto, escancara a desigualdade e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes e professores de colégios públicos – acesso limitado à internet, falta de computadores e de espaço em casa, problemas sociais, sobrecarga de trabalho docente e baixa escolaridade dos familiares.
Nesta reportagem, conheça a história de alunos, pais e professores que relatam os obstáculos da educação remota. Eles serão apresentados em quatro eixos:
· estrutura: problemas de acesso a computadores e de conexão com internet, falta de espaço apropriado para o estudo em casa;
· relação família-escola: dificuldade de professores entrarem em contato com os pais dos alunos, baixa escolaridade dos familiares e esgotamento emocional dos docentes, que ficam disponíveis 24h para tentar ajudar;
· problemas sociais: falta de merenda, evasão escolar e maior exposição à violência (sexual, física ou psicológica);
· conteúdo: professores que não foram preparados para ministrar aulas online e dificuldade em adaptar conteúdos.
Segundo Mauricio Canuto, professor de didática no Instituto Singularidades (SP), o que está sendo feito pelas escolas não pode ser chamado de "educação à distância" – é um regime emergencial de ensino remoto. "Não é uma situação estruturada: faltam equipamentos, não há acesso à internet, as pessoas não dominam as tecnologias digitais. A EAD pressupõe que todos estejam conectados e integrados", explica.*G1 — Foto: Divulgação/Amigos do Bem