Estudante negra consegue matrícula provisória na USP após denúncia de fraude nas cotas: 'não consigo ficar feliz plenamente'.
Brasil
Publicado em 13/03/2020

Uma liminar concedida nesta segunda-feira (9) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu à estudante Juliane de Souza Almeida o direito à matrícula no curso de fisioterapia da Universidade de São Paulo (USP) após denúncia de que outro estudante, que ficou à sua frente na lista, teria fraudado o sistema de cotas do vestibular. Juliane, de 21 anos, era a quarta colocada na categoria que contempla pretos, pardos e indígenas (PPI). O curso de fisioterapia, que adotou cotas raciais na Fuvest pela primeira vez neste ano, aprovou três candidatos nesta categoria, e portanto Juliane era a primeira da lista de espera.

"Eu já tinha aceitado que não tinha conseguido, que não ia ser dessa vez, eram só três vagas para PPI e eu estava em quarto lugar. Mas, quando eu encontrei esse perfil [do estudante suspeito de fraude] e eu vi pela foto que não batia com os requisitos das cotas. Eu me senti decepcionada, injustiçada, porque aquilo não tava certo, e ao mesmo tempo emocionada porque me deu o mínimo de esperança", disse Juliane em entrevista exclusiva ao G1. A aluna conseguiu realizar sua matrícula provisória na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) nesta quarta-feira (10), um dia antes do prazo final da universidade para matrículas em 2020 e uma semana e meia depois do início das aulas. Segundo a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, há indícios de que um dos três alunos convocados não se encaixa nos critérios das cotas raciais determinados pela legislação federal por ter fenótipo (aparência física) branco. A decisão judicial liminar é vista como uma conquista pela defensora pública Isadora Brandão, que é titular do Núcleo de Diversidade e Igualdade Racial da defensoria e cuidou do caso de Juliane. Antes disso, Brandão já havia notificado a USP pela falta de fiscalização em seu sistema de cotas raciais, mas a universidade não respondeu às recomendações da defensoria. Em nota, a universidade afirma que o caso de Juliane "já está sendo apurado pela Comissão de Acompanhamento da Política de Inclusão da USP, ligada à Pró-Reitoria de Graduação" e que, em relação à liminar, a "universidade adotará as medidas cabíveis, em especial no que tange à determinação de matrícula provisória" *G1 — Foto: Arquivo pessoal

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