Os 7 mil militares da reserva que o governo quer contratar para atuar na crise da fila do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terão de lidar com outra frente de serviços nas agências, segundo uma previsão feita por integrantes da área econômica: o atendimento a 3,8 milhões de beneficiários que precisarão comprovar a inexistência de irregularidades em seus benefícios - 1,8 milhão de casos - ou fazer uma revisão da perícia médica necessária para a manutenção dos valores pagos - 2 milhões de pessoas. A fila por novos benefícios, cerne da crise em curso, chega a quase 2 milhões de pedidos. Até agora, a convocação de militares da reserva foi a principal medida anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro para tentar resolver o problema. A iniciativa é alvo de críticas desde o momento em que foi ventilada, principalmente por parte de servidores da área previdenciária, e está longe de ser um consenso dentro do próprio governo. Os ministérios envolvidos ainda não conseguiram tirar a promessa do papel. O anúncio da contratação dos militares foi feito no último dia 14. Para que militares possam atuar em agências do INSS, são necessários pelo menos dois atos administrativos. Um deles é um decreto de Bolsonaro regulamentando artigo da lei de reestruturação da carreira militar que permitiu a atuação de inativos em órgãos públicos na área civil, com pagamento de adicional de 30% da remuneração paga na reserva. O decreto, assim, seria mais genérico. Sua elaboração é capitaneada pelo Ministério da Defesa. A atuação específica nas agências do INSS dependerá de uma portaria interministerial, a ser elaborada após a definição do conteúdo do decreto. Não há data prevista para a conclusão e publicação do decreto e da portaria. Apesar das críticas, integrantes da equipe econômica sustentam que não vão recuar da ideia. Para justificar a contratação de 7 mil militares, as autoridades responsáveis pela área de previdência no governo dizem que eles serão os responsáveis por atender tanto pedidos por novos benefícios quanto os 3,8 milhões de beneficiários esperados nas agências para tratar das supostas irregularidades ou da revisão das perícias médicas.*G1Foto: Arquivo-Agência O Gloo