Falsa grávida pode ter levado máscara para preso que tentou fugir vestido de mulher.
06/08/2019 08:24 em Brasil

Se para sair da prisão Clauvino da Silva tentou se tornar o que não era — o traficante foi flagrado no último sábado quando tentava deixar o presídio vestido de mulher — ele também pode ter precisado de uma farsa para montar o disfarce. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) apura se uma falsa grávida foi usada pelo criminoso para entrar na Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho, Bangu 3, com a máscara e a peruca usadas por ele para tentar escapar. Gestantes são submetidas a procedimento de segurança diferenciado para entrar nos presídios. Elas não passam pelo scanner corporal e a revista íntima só é permitida no caso de uma suspeita fundamentada de que a mulher esteja com algum objeto ilícito, como o recebimento de denúncia anônima. Segundo fontes da Seap, essas restrições na revista têm feito os criminosos recrutarem mulheres que simulam estar grávidas para transportar principalmente drogas e celulares para os presídios do Rio. Para sustentar a farsa, elas contam com atestados médicos falsos, ultrassonografia e até cartão da gestante. De acordo com investigação da Seap, o “kit grávida” é vendido por R$ 3,5 mil. A mulher investigada por ter participado do plano de fuga de Clauvino é suspeita de ter conseguido entrar com o disfarce do traficante debaixo de suas roupas. A secretaria ainda apura se ela estava de fato esperando um filho ou se simulou a gravidez. A origem da máscara usada por Clauvino é outro mistério ainda a ser desvendado pelos agentes. Ele deve ser ouvido pela corregedoria da Seap nos próximos dias para explicar como o plano foi arquitetado e o local de compra do disfarce. Feita de látex, a máscara é extremamente precária e mal acabada. Os recortes dos olhos, por exemplo, são tortos e a sobrancelha foi reproduzida com alguns fiapos que imitam os fios reais. Um vídeo feito pelos agentes após terem flagrado Clauvino tentando fugir expõe a maior falha do acessório: quando o traficante conversa com os inspetores, a boca da máscara sequer se mexe. A gravação também expõe outra imperfeição que comprometeu o plano de fuga: como a máscara foi mal afixada, é possível ver, por baixo do acessório, parte da área no entorno dos olhos do preso, cujo tom de pele é mais escuro do que o do disfarce. Em relação à peruca, não há mistério. Uma etiqueta no acessório revela que ele foi comprado da marca “Shake-N-Go”. Na internet, é possível encontrar semelhantes por valor equivalente a R$ 400. A “transformação” do traficante, que tem quase 100 anos de condenação por crimes como tráfico de drogas, foi feita no banheiro do pátio de visita. Lá, acreditam os agentes da Seap, ele recebeu os objetos do disfarce. *G1 Foto: Divulgação

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