Famílias receberam confirmação da troca dos bebês ainda em casa.
05/08/2019 10:37 em Brasil

A cena da destroca dos bebês de Pauliana Souza, 27 anos, e Aline Alves, 20, ganhou repercussão nacional pela dor das duas, que já conviviam com os filhos não biológicos há mais de 20 dias. Mas, antes de se descolarem até a delegacia de Trindade, onde a destroca oficial dos meninos ocorreu na noite do último dia 1º, Pauliana e Aline, ao lado dos maridos, receberam das mãos de advogados os resultados dos exames de DNA. O momento decisivo para os dois casais aconteceu na sala da casa onde Pauliana mora com o marido Genésio Vieira, mas que desde a segunda-feira era dividida também com Aline e Murillo Lobo. A destroca foi registrada em vídeo e pode ser vista acima no minuto 2'52''. Os quatro, que não se conheciam antes, resolveram, após a realização da coleta das amostras genéticas, cuidar do José Miguel e do Murillo Henrique juntos até o resultado do exame. Sentados no sofá da sala, os casais com os bebês nos colos receberam das mãos de dois advogados os envelopes lacrados. Após a abertura, eles folhearam até a parte final onde estava a conclusão. Genésio, ao lado da esposa, logo diz para o outro casal: “Vocês são pais biológicos do nosso”. Aline responde que Genésio e Pauliana também são os pais do bebê que ela segurava. “É o nosso também? Glória a Jesus”, comemorou Genésio. O silêncio toma conta de todos. Aline chora e encosta a cabeça no bebê que acreditou ser seu.

"Todo mundo fala que 20 dias é pouco tempo. É pouco tempo para quem não está vivendo como mãe. Só eu sei o que eu estou sentindo”, ressaltou Aline. Logo após a confirmação da troca, Pauliana também falou da dor e preocupação de ficar longe do filho que amamentou desde a maternidade do Hospital de Urgência de Trindade (Hutrin), onde ocorreu o erro.

"Fico tentando imaginar como vai ser minha vida sem ele. O amor que eu sinto por ele é como o que eu tenho pelos meus outros filhos", disse. A dificuldade ficou ainda mais evidente na destroca dos bebês na delegacia. As duas choraram muito e foram amparadas por familiares. Os maridos pegaram os bebês dos braços de suas respectivas esposas e, em seguida, entregaram às mães biológicas. Depois, foram até uma sala para concluir os procedimentos legais. Murillo e Aline moram em Santa Bárbara de Goiás, a 27 Km de Trindade, e depois da destroca voltaram para sua casa. Por conta desta distância, eles não conseguem se encontrar todo dia com a outra família, mas eles podem se ver toda vez que bate aquela saudade por chamada de vídeo. “E o meu branquelinho? Olha o meu neguinho”, falou para Aline em uma das ligações. Genésio e a esposa ressaltam as semelhanças com José Miguel. "Mamãe ama os dois do mesmo jeito”, afirmou Pauliana. O pequeno Murillo ganhou o mesmo nome e também a maioria dos traços do pai. “O tempo que vai ajudar a gente , que vai mostrar o dia a dia. Ele vai cativar a gente. O tempo vai melhorar tudo... A saudade não acaba”, ressaltou Aline. “Isso é uma história de novela... Tudo tem um propósito. Mesmo com dor grande, uma vitória muito boa”, falou Murillo. A Polícia Civil fez a destroca dos bebês, mas as investigações continuam. Os pais acusam o hospital. No último dia 1º, a assessoria do Hutrin informou que "não iria mais comentar o assunto por considerá-lo encerrado, cabendo à polícia relatar quem de fato foi responsável pela troca dos bebês". O hospital voltou a ser procurado, mas não preferiu não se pronunciar. "Que isso não ocorra mais. Marcas e feridas para o resto da vida. Não quero mais que ninguém passe por isso”, comentou Genésio. "Eu acredito que elas tenham trocado no primeiro banho, naquela pressa de ir embora, porque já estava sendo os últimos partos, né, naquele cansaço também, foram muitos partos naquele dia. A roupinha do meu bebê mesmo estava no meu, que me entregaram, mas na verdade, era o bebê da Aline. As roupinhas estavam certas com bebês errados", contou Pauliana. A mãe lembra que no dia do nascimento dos bebês, em 9 de julho, houve um problema também com as pulseirinhas de identificação. “Em momento algum os bebês estavam com as pulseirinhas fixadas na perna, elas estavam rompidas, soltas no bercinho”, relatou a mulher, acrescentado um outro detalhe, visto por ela e pela polícia como importante.

"Aquele dia, eu e a Aline éramos as últimas. Então, eles me levaram, foram lá no quarto, me levaram. Quando chegou lá no centro cirúrgico, eles foram confirmar meu nome, e daí eu falei que não. Que meu nome era outro. Eles me levaram de volta para o quarto e levaram a Aline. Ali eu fiquei esperando, depois, pouco tempo depois, eles vieram me buscar também", contou.

O bebê de Aline nasceu às 16h35, e o de Paulina, 12 minutos depois. Dividindo a mesma enfermaria, as duas mães cuidaram dos bebês trocados sem desconfiar de nada. Genésio foi o primeiro a suspeitar que algo pudesse estar errado, quando o bebê já estava na casa dele. "Ele era muito branquinho, ruivinho, de olhos azuis mesmo. As mãos dele, bem diferentes das minhas. Acaba despertando: será que realmente é meu filho?", lembrou ele. *G1 — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

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