Professor de jiu-jítsu morto no Alemão dava aula para 90 jovens: 'Era referência na favela', diz mulher.
Brasil
Publicado em 15/05/2019

O professor de jiu-jítsu Jean Rodrigo Aldrovande, de 39 anos, morto nesta terça-feira com um tiro na cabeça na frente da sede do projeto social onde dava aulas, no Complexo do Alemão,tinha 90 alunos na favela. Segundo sua mulher, a jornalista Andreia Rios, Jean era uma "referência para jovens e adolescentes do Alemão". Moradores e parentes acusam PMs pelo disparo na cabeça que matou o professor.

— Ele tirou muito jovem do crime. Era aquele tipo de pessoa que estimulava os alunos, conseguia quimono para quem não tinha. Era uma pessoa muito especial — afirmou Andreia Rios.

A trajetória de superação de Jean é conhecida na favela. Antes de ser professor, Samurai, como era conhecido no Alemão, foi morador de rua. Há sete anos, passou a dar aulas no projeto social Maneco Team, onde ganhava salário de R$ 900. No período da manhã, ele ajudava o pai num depósito de gás na Ilha do Governador. À tarde, ia diariamente para o Complexo do Alemão.

— Ele chegou no projeto com nove alunos. Estava desacreditado, tinha sofrido um acidente e não conseguia se locomover direito. Dei a oportunidade e ele agarrou: não faltava um dia aos treinos — diz Emanuel de Souza, o Maneco, fundador do projeto social onde Jean trabalhava.

Além de dar aulas, o professor também competia. Em abril, ele foi ganhou medalha de bronze no torneio da Federação de Jiu-Jítsu Desportivo do Rio na categoria master 2 (de 36 a 40 anos) para praticantes com até 66 quilos. No sábado, ele iria para Volta Redonda disputar outra competição. Jean deixa quatro filhos.

Segundo moradores, Jean foi baleado ao sair de seu carro, um Fiat Palio branco, quando estacionou o veículo em frente ao projeto social. No momento em que o professor deixou o automóvel, com as chaves nas mãos, PMs teriam feito disparos em direção ao interior da favela. Um aluno, que estava próximo ao atleta, também foi atingido por disparo nas pernas e foi encaminhado ao Hospital estadual Getúlio Vargas.

— Ele estava chegando para dar aula. Os policiais são muito despreparados. Foi baleado com um tiro de fuzil na cabeça quando estava com as mãos levantadas, dizendo que ela morador, trabalhador. Para mim, foi execução — disse Carlos Alberto Aldrovande, de 65 anos, pai de Jean.

Em nota, a PM não confirmou que policiais da UPP fizeram disparos na região no momento do crime e alegou que “o comando da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) está apurando a dinâmica de como o fato ocorreu”. A Delegacia de Homicídios (DH) fez uma perícia no local e vai investigar o caso.*EXTRA

 

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