Internada há 60 dias, Talita Cristina Oliveira, de 15 anos, tenta se recuperar das fraturas da bacia e de uma das pernas provocadas pela enxurrada de rejeitos que a levou junto com sua casa, sua irmã e sua sobrinha em Brumadinho. A adolescente ficou semanas no Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, e agora se recupera em um hospital em Betim, na região metropolitana. O rompimento da Barragem do Feijão, da Vale, aconteceu no dia 25 de janeiro. De acordo com balanço da Defesa Civil, 214 mortes foram confirmadas até esta segunda (25). Lays Gabriele de Souza Soares, de 14 anos, sobrinha de Talita, está entre estas vítimas. “Têm sido dois meses de muita dor, tristeza, saudade. Ao mesmo [tempo], de revolta”, disse o pai de Lays e cunhado de Talita, José Antônio Soares. Ele estava em Belo Horizonte quando a tragédia aconteceu. “Um amigo me avisou. Aí tentei falar com minha mulher, com minha filha e nada. Foi aí que eu pensei que o pior tinha acontecido.” José trabalhava como supervisor de serviços gerais da Pousada Nova Estância, que desapareceu sob a lama. A casa da família também foi levada pela enxurrada. A mulher dele, Alessandra, e Talita conseguiram ser salvas por dois rapazes. O corpo de Lays foi encontrado no dia 20 de fevereiro. Ele foi sepultado no dia seguinte na cidade natal da família, em Várzea da Palma, na Região Norte de Minas Gerais. “A gente não tem perspectiva de nada. Nem sei por onde começar. Minha mulher só chora. A gente está aqui nesse hotel com a vida paralisada”, disse José que vive desde a tragédia em um quarto pago pela Vale. Não havia, até a noite desta segunda, previsão de alta para Talita. Ela ainda trata uma infecção e aos poucos começa a dar passos com a ajuda de um andador.*G1