Cartazes com frases machistas expostos no pátio de uma escola estadual de Vila Velha, no Espírito Santo, geraram revolta na web após uma postagem ser feita em uma rede social, nesta terça-feira (19). Os cartazes que, de acordo com alunos, foram feitos para um trabalho escolar sobre o mês da mulher, traziam dizeres como “No começo ela gosta, mas depois começa a dizer que é assédio” e “Aprenda a se vestir, se comportar e dar limites”.
O caso aconteceu na Escola Estadual Padre Humberto Piacente, que fica no bairro Alecrim. De acordo com uma aluna do 1º ano do Ensino Médio, que preferiu não se identificar, várias ações e trabalhos escolares estão sendo realizados na escola sobre o Dia da Mulher neste mês de março. Segundo ela, um dos trabalhos foi passado por uma professora de história. No comunicado enviado aos alunos sobre a atividade, ela escreveu “Valorização da mulher começa pela mulher” e sugeriu temas como “Como a mulher deve se comportar”, “Como a mulher deve se vestir” e “Mulher x Palavrões”. Os cartazes feitos pelos alunos foram apresentados no dia 13 de março e, depois, expostos no pátio da escola. Alguns indicavam como as mulheres deveriam se comportar e se vestir para que não fossem assediadas.
Um deles trazia a fotos de Jane Cherubim, que foi agredida e abandonada na estrada pelo então namorado. Ao lado, estava escrita a frase: “As mulheres deveriam ser menos vulgar e respeitar seu próprio corpo, ter mais consciência na hora de se envolver com alguns homens, pois muitas mulheres se envolvem com alguns homens sem conhecer”. Para alguns estudantes, a intenção da professora era causar reflexão com uma espécie de ironia. Mas, segundo eles, nenhum aviso ou alerta neste sentido foi anexado ao cartazes. “Achei um pouco errado da parte da escola eles colocarem no muro sem uma explicação. Muita gente ficou lendo e não gostou, tirou fotos. Teve turma que não fez esse trabalho, então o pessoal ia lá, via os cartazes e perguntava para o pessoal da nossa sala”, disse uma aluna. Foi o que aconteceu com uma outra estudante, ao se deparar com os cartazes no corredor. Ela, que também preferiu não se identificar, faz parte de outra turma que não participou dessa atividade. “Eu comentei com uma amiga minha e a gente achou super errado. É como se estivesse culpando a gente, como se a gente não pudesse usar a roupa que quer e tivesse que ficar em casa. Eles têm que falar sobre outras coisas, mostrar maneiras de denunciar, dizer que a polícia está agindo, que as mulheres não estão sozinhas”, disse a estudante.