Após desconto em carro zero, Lula sugere a Alckmin reeditar incentivo à compra de eletrodomésticos
Brasil
Publicado em 12/07/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), a reedição de um programa de incentivo à compra de eletrodomésticos da linha branca, como geladeira e máquina de lavar, e de televisões.

Lula deu a declaração durante cerimônia de condecoração de cientistas e pesquisadores no Palácio do Planalto. Antes de se dirigir a Alckmin, Lula citou o programa que conferiu desconto em carros zero quilômetro, que foi encerrado na semana passada com a venda de cerca de 125 mil automóveis.

Em 2009, durante o seu segundo mandato como presidente, Lula lançou um programa que reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre itens da linha branca.

 

 

"Até falei para o Alckmin: 'Que tal a gente fazer uma aberturazinha para a linha branca outra vez?'. Facilitar a compra de geladeira, de televisão, de máquina de lavar roupa. As pessoas, de quando em quando, precisam trocar os seus utensílios domésticos. Quando a geladeira velha tá batendo, não tá gelando a cerveja bem, e tá gastando muita energia, você tem que trocar. E, se está caro, vamos baratear, tentar encontrar um jeito", afirmou Lula.

 

Na sequência, o presidente se dirigiu à ministra do Planejamento, Simone Tebet, pedindo que ela "abra a mão um pouquinho", para o governo poder "facilitar a vida do povo que quer ter acesso" aos produtos.

O presidente ponderou, no entanto, que o povo tem de consumir de "forma responsável". "Ninguém pode gastar o que não tem", afirmou. Segundo Lula, nos próximos dias, o governo deve lançar oficialmente o Desenrola, programa de renegociação de dívidas de pessoas físicas que tem o objetivo de aquecer o consumo no país.

 

Tebet pede 'calma'

 

Após a cerimônia, Simone Tebet foi perguntada se é possível oferecer descontos em produtos da linha branca. “Calma, calma”, afirmou a ministra.

Tebet afirmou que o tema não estava em discussão no governo, e que a questão deve ser tratada pelo vice-presidente Geraldo Alckmim.

 

 

Condecoração de pesquisadores

 

Na cerimônia, Lula condecorou pesquisadores e entidades com a Ordem Nacional do Mérito Científico.

Entre os homenageados, estão pesquisadores que tiveram a condecoração retirada, em 2021, pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em razão de trabalhos que contrariaram posições do governo, como:

 

  • Adele Benzaken: demitida do cargo de diretora do Departamento HIV/Aids no Ministério da Saúde após publicar cartilha sobre a prevenção de doenças para homens trans
  • Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda: responsável por um dos primeiros estudos que apontaram a ineficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19

 

"Chega de aceitar que cientistas, como Adele Benzaken ou Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, tenham suas condecorações revogadas. Adele, porque se preocupou com a saúde dos homens trans. Marcus, porque ousou publicar a verdade: a cloroquina não combate a Covid", afirmou Lula.

"Basta de testemunhar pesquisadores como Ricardo Galvão perdendo seus cargos porque mostravam aquilo que os satélites registravam – e que todos com a mínima honestidade intelectual podiam ver: nos últimos anos, a Amazônia estava sendo degradada a um ritmo cada vez maior", completou o petista na cerimônia.

 

Convite à França para Cúpula da Amazônia

 

No discurso, Lula afirmou ainda que convidará o presidente da França, Emmanuel Macron, para participar da Cúpula da Amazônia, que ocorrerá no mês que vem em Belém, no Pará. O petista disse que, se os franceses querem falar "seriamente" sobre questões climáticas, terão de comparecer.

 

 

'Vamos convidar a França, que tem um pouquinho da Guiana Francesa. Se quiserem falar seriamente da questão do clima, vão ter que comparecer. Estamos convidando Indonésia, os dois Congos para comparecer", afirmou.

 

O presidente também falou sobre o acordo Mercosul e União Europeia, que o Brasil tem a intenção de concluir ainda neste ano.

No próximo fim de semana, Lula viajará novamente à Europa para tratar sobre o tema. Ele participará, na Bélgica, da cúpula dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia.

"Muitas vezes, as pessoas tratam possibilidade de acordo como se fosse América do Sul. A gente não abre mão das compras governamentais, porque as compras governamentais serão a possibilidade de desenvolver o médio e pequeno empreendedor. Vamos viajar sábado à noite e vamos ficar três dias discutindo para que a gente possa tentar concluir [o acordo]", afirmou.

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