Conforme relato do público presente, o crime teria ocorrido quando o cantor e a banda saíram do palco e retornariam para o bis.
"Começaram a gritar 'mais um, mais um', mas, logo em seguida, alguns sons de 'uh, uh'. Primeiro, eu pensei que estavam vaiando. E já parecia estranho pra mim uma pessoa num show começar a vaiar. Depois, eu vi que eram movimentos de macaco. Cheguei a ouvir 'negro vagabundo, vagabundo' e, depois, pessoas gritando 'mito, mito'", disse uma pessoa que estava no evento e prefere não ser identificada.
O show transcorreu tranquilamente. A testemunha afirma que público era de cerca de 800 pessoas e estava animado.
"Ele não fez nada de diferente, já fui em alguns shows dele. Ele declamou uma música do Racionais MC, que chama 'nego drama', fazendo alusão à questão racial. Em um determinado momento, chamou um menino que toca cavaquinho, apresentou ele, disse que tinha 15 anos, falou que era um talento e, nesse momento, falou sobre a maioridade penal, quis dizer que a questão não é prender mais cedo ou mais tarde, e sim dar condições para esses jovens", relatou.
Ela disse que o momento foi incrível e todos aplaudiram. Em seguida, teria havido o episódio de racismo. Com a manifestação, o cantor voltou ao palco apenas para agradecer e falou sobre amor.
"Ele disse 'espero que vocês fiquem bem.' Nesse momento, foi pior, as pessoas gritaram, vaiaram. Colocaram uma música e as pessoas se dispersaram. Mas vi muitas saindo indignadas de lá. Foi muito ruim, foi horrível", contou a pessoa que estava no show.
Nota do Grêmio Náutico União:
O presidente do Grêmio Náutico União, Paulo José Kolberg Bing, irá conceder entrevista coletiva à imprensa às 14h. O Clube ressalta que está colaborando com as investigações relativas à possibilidade de ocorrência de racismo durante apresentação do cantor Seu Jorge, realizada em suas dependências em 14 de outubro.
É de total interesse do Grêmio Náutico União a transparente apuração dos fatos. Na eventualidade de comprovação de crime, defendemos a punição dos envolvidos na forma da lei.
Reafirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação.