O crime ocorreu na segunda-feira (12) e foi gravado por uma câmera de segurança. A prisão preventiva havia sido pedida pela Polícia Civil e teve a concordância do Ministério Público (MP).
O vídeo mostra o momento que Ezequiel Lemos Ramos, de 38 anos, aparece correndo a pé pela Avenida Rodolfo Pirani, no Parque São Rafael. Em seguida, ele atira com uma carabina em direção ao carro onde estavam Michelli Nicolich, de 37, e os dois filhos de 2 e 5 anos.
A vítima tentou fugir com o veículo, um Fiat Uno Branco, mas o bateu em um poste perto da escola infantil 'O Rei Leão', onde as crianças estudavam.
As imagens ainda mostram o momento em que Ezequiel se aproxima do automóvel e atira novamente. A mulher e o filho mais novo, Luiz Inácio Nicolich Lemos, foram atingidos pelos disparos.
Os dois chegaram a ser socorridos e foram levados para hospitais da região, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. O garoto mais velho sobreviveu. Ele não foi atingido pelos tiros.
Ezequiel foi detido em flagrante por um policial militar de folga e sem uniforme depois que cometeu os crimes. O homem foi levado ao 49º Distrito Policial (DP), São Mateus, onde acabou preso e indiciado por duplo homicídio doloso qualificado, por feminicídio e emboscada, e tentativa de homicídio.
A Polícia Civil investiga as motivações do crime. Uma das hipóteses, citada pelo suspeito a um policial militar após o crime, seria uma desavença financeira. A família de Michelli nega a versão e afirmou que a vítima já havia sido agredida por Ezequiel anteriormente.
A polícia procura a carabina usada por Ezequiel para matar a ex-esposa e o filho. A delegacia também investiga se alguma outra pessoa ajudou o homem a esconder a carabina após os assassinatos. A arma continuava desaparecida até a última atualização desta reportagem.
Homem é perigoso, diz polícia
A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão preventiva de Ezequiel por considerá-lo perigoso se estiver solto. Segundo a investigação, como ele tem licença de CAC para usar armas para atividades esportivas, poderia ameaçar a família da ex-esposa estando em liberdade. O g1 não conseguiu localizar a defesa dele para comentar o assunto.
A polícia conseguiu apreender um carregador de carabina e 31 munições calibres 9 mm que são de Ezequiel e estavam no carro dele. Mas, até a última atualização desta reportagem, a arma usada no crime não havia sido localizada pela investigação.
Segundo o policial militar que o deteve, outros policiais militares chegaram ao local e disseram que tinham visto a carabina usada pelo ex-marido dentro do veículo dele. No entanto, moradores da região contaram que viram um outro homem não identificado, que estava em um Fiat Pálio, furtar a arma de dentro do automóvel.
Segundo o delegado Leandro Resende Rangel, Ezequiel estava "desnorteado" quando foi detido. O policial disse ainda que a investigação procura a arma do crime. Além disso, a polícia apura se o ex-marido teve a ajuda de algum suposto comparsa que teria levado a carabina embora.
"[Ezequiel] não está falando coisa com coisa, mas com ele tinha um documento de uma arma que, aparentemente, é a arma que ele usou no crime. Só que, no momento em que ele foi detido pelo policial, houve uma grande aglomeração de populares, e a arma sumiu. Nós estamos apurando e tentando localizá-la", afirmou o delegado sobre a carabina.
Assassino ficou em silêncio
O assassino ficou em silêncio durante seu interrogatório na delegacia.
Mas, segundo o agente da Polícia Militar (PM) que o deteve, Ezequiel alegou logo após o crime que tinha ido encontrar a ex-esposa para 'acertar as contas' com ela. Ele acusou Michelli de aplicar um golpe que lhe deu um prejuízo financeiro de R$ 70 mil. Ainda segundo o policial, o homem alegou que 'tinha perdido a cabeça' e falou: 'que besteira que eu fiz, me mata'.
Segundo a Polícia Civil, o CAC foi se encontrar com a ex-esposa para tirar satisfações com ela a respeito de uma desavença financeira entre eles.
"Até este momento o que foi apurado é que houve uma desavença entre o casal, questão de valores, que a mulher teria ficado só pra ela e não teria dividido com o ex-marido. E por conta 'desse golpe' que ele tomou dela, encontrou com ela na rua e efetuou diversos disparos no carro", disse o delegado Leandro.
Família cita medida protetiva
A família de Michelli nega a versão dada por Ezequiel de que o motivo do crime foi financeiro. O irmão da vítima contou à reportagem que o ex-marido chegou a agredir e perseguir a irmã, que teria até medida protetiva na Justiça contra ele.
Segundo Jackes Nicolich, Michelli e os filhos chegaram até a se mudar temporariamente para Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e morado lá por cinco anos. E que ela retornou a São Paulo com as duas crianças havia quatro meses, desde que conseguiu se separar do homem.
Ezequiel estuda medicina no Paraguai. Ele está no quarto ano do curso e também morou em Ponta Porã, cidade brasileira que faz limite com Pedro Juan Caballero, no país vizinho.
"Ela descobriu que ele estava se envolvendo com esses sites de relacionamentos. Aí ela descobriu, foi desconfiando e descobriu, jogou na cara dele. Aí, quando ele viu que não tinha escapatória, começou a agredir ela e colocou a arma na cabeça dela. Ela conseguiu fugir e vir aqui perto da nossa casa, onde meu pai mora aqui, na Zona Leste. Só que ela ficou escondida, não passou endereço para ninguém. E, hoje, ele veio e ceifou a vida e acabou pegando até no filho dele", disse Jackes Nicolich, irmão de Michelli.